Francisco Cleber Rodrigues
da Silva
Resumo
O presente ensaio aborda a situação da acentuação
gráfica estabelecida pelo acordo ortográfico. Mostra as alterações ocorridas na
utilização dos acentos gráfico e supressão de sinais como trema e outras
situações novas que teremos que nos adaptar para fazermos o uso correto da
nossa língua.
Palavras
Chaves:
Reforma Ortográfica, acentuação
gráfica, pronuncia, vogais tônica
O nosso sistema de acentuação gráfica
do português é detalhista e cheio de pormenores e as regras foram definidas pela reforma de 1911. “O sistema de acentuação gráfica do
,português atualmente em vigor, extremamente
complexo e minucioso, remonta essencialmente à Reforma Ortográfica de 1911”
(Nota Explicativa do Acordo). Este sistema
funciona tanto para assinalar a
tonacidade , ou seja, a sílaba mais forte, quanto timbre das vogais, ou seja quando a pronúncia é aberta ou
fechada.
O problema é que temos muita variação de pronúncia do português falado
no Brasil para o lusitano, porque muitas
vogais soam abertas em português e
recebem o acento agudo, mas têm o timbre
fechado no Brasil recebendo desta forma acento circunflexo.
Como exemplo as palavras:
?(génio/cómodo em Portugal) e
(gênio/cômodo no Brasil). São por estas razões
que há tantas diferenças de acentuação entres as duas variantes da língua portuguesa lusitana e a brasileira. As divergências entre as regras de
acentuação gráfica são um dos principais
obstáculos para as tentativas de unificação
da língua.
Nesse novo
acordo como não se chegou a um só consenso
quanto à acentuação gráfica das palavras, por isso o novo acordo conservou a dupla grafia em boa
parte desse casos. Por apresentar diferença entre variante lusitana e a brasileira,
o sistema de acentuação gráfica foi um dos pontos que mais sofreu mudanças com
esta reforma. Em função disso é um dos temas ao qual foi dedicado o maior
número de bases.
O acento agudo que é usado sobre
a vogal tônica para indicar timbre aberto, foi suprimido no seguintes casos:
·
Em ditongos (encontro de uma vogal mais uma semivogal em uma única
sílaba) abertos ei e oi das palavras paroxítonas (aquela em que a sílaba
tônica, ou seja, e pronunciada com mais intensidade é a penúltima). Portanto, palavras como
(assembléia, heróico, idéia e jibóia) antes eram escritas com o acento agudo.
Agora com as novas regras deverão ser grafadas (assemblea, heroco, idea e
jibóia) sem o acento agudo. É importante
lembrar que esta regra se aplica somente às paroxítonas .
·
Em palavras paroxítonas com i e u tônicos que formam hiato
(sequência) de duas vogais pronunciadas em sílabas diferentes ) com a vogal
anterior quando esta vogal pertence a um
ditongo; antes escrevíamos as palavras (baiúca, boiúna e feiúra) com acento, agora com o
acordo deveremos grafá-las assim:
(baiuca, boiuna e feiura) sem
acento agudo. Porém vejamos que as
letras i e u permanecerão com acento quando formarem hiato e quando vierem
sozinhas nas sílaba e não tiveram antecedidas ditongo.
·
Em formas verbais têm o
acento tônico na raiz, com o u tônico antecedido pelas letras g ou q e seguidos
de e e i . A freqüência desses casos é pequena na língua portuguesa. Vejamos
alguns exemplos: como era (argúis, argúem, redargúem, averigúem, apazigúem e
obliqúem ) como ficará (arqueis, arguem , redarguis , redarguem , averiguem ,
apazeguem e obliquem).
O acento circunflexo também terá o seu uso reduzido com o
novo acordo. O acento deixa de ser usado
nas seguintes situações:
·
Em palavras terminadas em oo: como era (enjôo, vôo, abençôo,
magôo, perdôo) como ficará (enjoo, voo, abençoo, magoo, perdoo).
·
Deixa de ser usado na
conjunção da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do
subjetivo dos verbos (crer, dar, ler, ver, e seus derivados) = Como era (crêem,
dêem, lêem, vêem, descrêem, relêem, revêem), como ficará (reem, deem, leem,
veem, descreem, releem, reveem ).
O
acento diferencial que era utilizado para diferenciar as palavras pares, palavras com mesma grafia, mas com
significado diferente e pertencendo também a classes gramaticais diferentes
deixará de ser usado em: ( pára, forma, verbal/ para preposição; péla do verbo
pelar e pela união de preposição
com artigo; pólo substantivo e polo a
união antiga e popular de por e lo; pélo do verbo pelar e pêlo substantivo ;
pêra substantivo e péra substantivo arcoico
que significa pedra. Porém o acento diferencial continua sendo usado
para diferenciar e sinalizar: pôr (verbo)
de por (preposição); têm, vêm, retêm, e intervêm neste caso o acento tem
a função de sinalizar o plural destes
verbos; pôde (verbo no passado) pode (verbo no presente) o acento indica
o tempo verbal para que não haja confusão .
Na vertente brasileira não
se acentuavam mais os advérbios terminados em mente derivados de adjetivos
acentuados, mas na vertente portuguesa ainda se acentuava estas palavras
também deixam de ser acentuados em
Portugal. Vejamos alguns: avidamente : (de ávido), debilmente (de
débil), facilmente (de fácil), habilmente (de hábil) ingenuamente (de ingênuo),
etc. Esta mesma regra vale para palavras
derivadas que contêm sufixos iniciados por “ z’’ e cujas formas de bases
acentuadas. Segue regras exemplos: aneizinhos (de anéis), avozinha (de avó),
cafezada (de café), chapeuzinho (chapéu).
Com a entrada em vigor do novo acordo a língua portuguesa fica com um sinal gráfico a menos. Este sinal
é trema (.. ), sinal que é ou era usado sobre a letra “ u’’ para indicar a sua
pronúncia nas sílabas ( gue, gui, que, qui ) e deixa de ser usado em palavras
portuguesas ou portuguesadas, permanecendo somente em palavras estrangeiras e
seus derivados. Antes do acordo o trema era usado somente no português do
Brasil, já tinha sido extinto em Portugal e por aqui o seu uso já estava
reduzido por uma parte da população e por alguns periódicos, por isso,
resolveu-se deixar de usá-lo. A seguir listaremos algumas palavras que tiveram
sua escrita alterada por conta da extinção do trema: Antes (agüentar,
freqüentar, lingüiça, cinqüenta, tranqüilo, seqüência, seqüestro) ; Depois
(aguentar, frequente, linguístico, cinquenta , tranquilo, sequência,
sequestro).
O novo acordo ortográfico da língua portuguesa prevê a unificação
gráfica de algumas palavras e busca simplificar o idioma. Desta forma todas
alterações no sistema de acentuação gráfica busca unificar e simplificar a
escrita. Percebemos neste acordo que aqueles pontos em que tanto Brasil, como
Portugal já tinham evoluído ou mudado a forma de escrever, e essas mudanças
foram unificadas pelo acordo. Como por exemplo no Brasil já não se usava o acento em advérbios derivados de adjetivos acentuados, mas em
Portugal ainda se usava, já em Portugal não se usava mais o tremo em palavras
portuguesas ou aportuguesadas, mas no Brasil ainda se usava.
Este novo acordo traz
mudanças que visam unificar e simplificar a língua. Embora traga também muitos
pontos obscuros e contraditórios que precisam
de melhores esclarecimentos. Mas tem uma boa intenção que é de
fortalecer o idioma português no mundo. Toda mudança traz avanços e retrocessos
e com a língua acontece a mesma coisa. O que precisamos é encontrar o ponto de
equilíbrio entre as mudanças e o Brasil
tem um papel importante nesta unificação, pois tem a maior comunidade de falantes do Português.
Referências Bibliográficas
MARTINS,
Vicente. Ortografia e o Ensino do
Português. Sobral 2008
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