domingo, 10 de novembro de 2013

A QUESTÃO DO EMPREGO DO HÍFEN NO ACORDO ORTOGRÁFICO*




Roberta Farias Paiva**

RESUMO
O presente artigo tem por finalidade analisar a questão do emprego do hífen no acordo ortográfico. A partir do estudo feito o intuito desse trabalho é destacar o que acontece com o hífen, suas mudanças e restrições e o que permanece. Para isso o artigo foi analisado de acordo com as bases apresentadas para tal estudo. Ao longo da análise três Bases foram investigadas, em cada uma a tentativa foi de sorver o essencial. Na Base XV o estudo se deu em torno do emprego do hífen nos composto, locuções e encadeamentos vocabulares. Na Base XVI, a análise apresentada ficou por conta do emprego do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação. Na Base XVII o estudo feito foi sobre o hífen na ênclise, na tmse e com o verbo haver. Para a compreensão do trabalho o material utilizado foi: gramáticas e a nova reforma ortográfica. A partir do que foi apresentado o que se espera é que essa reforma no emprego do hífen venha facilitar seu uso, porque antes da reforma já era complicado imagina agora que essas mudanças.

Palavras-chave: Reforma ortográfica. Mudanças. Emprego do hífen.



            O uso do hífen nunca foi tarefa fácil. Em meio a tantas regras e exceções sempre foi considerado muito difícil o seu uso. Com a reforma ortográfica, ele ganhou nova versão em alguns casos. Deixando o seu uso cada vez mais complexo e complicado.
            O intuito desse artigo é mostrar em que aspectos o hífen foi modificado e onde permanece. Quais as principais mudanças e por que. Como vem facilitar ou complicar a ortografia atual.
            A reforma ortográfica privilegia três Bases para seu estudo, Base XV a XVII. Ao longo dessa análise destacaremos suas principais modificações e restrições. Na Base XV o estudo feito se dá no emprego do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares, mostrando que nesse aspecto a reforma atual manteve o que já havia sido previsto desde 1945. Na Base XVI o uso do hífen se dá na formação, prefixação, recomposição e sufixação. Nessa Base o hífen permanece nas formações em que o primeiro elemento termina por vogal e o segundo inicia por consoante, ou termina por vogal e inicia com a vogal que terminou e ainda quando termina na consoante que inicia o vocábulo seguinte. Não se usa, porém, em prefixos terminados por vogal seguidos de r ou s, nem quando o prefixo termina por uma vogal e a palavra seguinte começa por outra. Na Base XVII o hífen é empregado na ênclise, tmse e verbo haver.   
            Segundo a reforma, os usos do hífen nos países lusitanos sempre tiveram algo em comum, a infinidade de palavras com dupla grafia, ou seja, com ou sem hífen, principalmente nas formações por prefixação e na recomposição, isto é, formação com pseudoprefixos de origem grega ou latina.
            Essa diversificação de uso ocorre, segundo o acordo, por falta de sistematização nas regras consagradas desde 1945, que por alterarem demais o vocabulário oficial causaram muita polêmica impedindo que essas viessem a uso popular. No entanto, em 1986 uma tentativa de reforma foi novamente acionada, porém sem muito êxito, e hoje após as críticas fundamentadas no ano de 1986, entram em rigor as novas regras para o uso do hífen.
            Na Base XV em sete artigos o estudo feito é com relação ao uso do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares. Neste caso se mantêm o que foi proposto em 1945, o que já usamos hoje permanece sendo explicado apenas, de uma maneira mais clara.
            Na Base XVI no emprego do hífen por prefixação, recomposição e sufixação ocorrem algumas modificações:


a) Nas formações em que o segundo elemento começa por h: anti-higiénico/anti-higiênico, circum-hospitalar, co-herdeiro, contra-harmónico/contra-harmônico [...] [...].
b)  Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento: anti-almirante, infra-axilar, supra-auricular [...].  (Base XVI 1º a e b).


Nos casos apresentados acima se usa o hífen quando o segundo elemento começa por h, pela vogal que termina a palavra anterior ou pela mesma consoante que termina o prefixo ou pseudoprefixo. Ex.: semi-hospitalar, anti-ibérico, hiper-resistente etc. Embora nesses casos também haja exceções como:


[...] Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contem em geral os prefixos des- e -in e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano [...] Nas formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação [...].  (Base XVI 1º a obs. e b obs.).

            Então não se usa o hífen antes de palavras iniciadas pelos prefixos des- e in, porque o prefixo aglutina-se a palavra seguinte, e nem quando o vocábulo perde o h inicial. Ex.: des + humano = desumano. E perde-se igualmente o hífen, em palavras iniciadas com o prefixo co, mesmo que a vogal seguinte seja o, e o prefixo aglutina-se a palavra seguinte. 
            Ainda na Base XVI artigo 2º os casos onde o hífen também, desaparece são:


a) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se, prática, aliás, já generalizada em palavras deste tipo pertencentes aos domínios cientifico e técnico. Assim: antirreligioso, antissemia, contrarregra, contrassenha [...]. 
b) nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente, prática esta em geral já adotada também para os termos técnicos e científicos. Assim: antiaéreo, coeducação, extraescolar [...].    (Base XVI 2º a e b).


            Os casos onde o hífen desaparece é se o prefixo ou pseudoprefixo terminar em vogal e o seguinte iniciar em r ou s, então as consoantes se dobram. Ex.: minissaia etc. No caso b o prefixo ou pseudoprefixo precisa terminar por vogal e a palavra seguinte precisa começar por vogal diferente, daí as formas se aglutinam. Ex.: agroindustrial etc.
            Na Base XVII o uso do hífen ocorre na ênclise, na tmse e com o verbo haver:


1º Emprega-se o hífen na ênclise e na tmse: amá-lo, deixa-o, partir-lhe [...].
2º) Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: hei de, hás de, hão de, etc.
[...] Embora estejam consagradas pelo uso às formas verbais quer e requer, dos verbos querer e requerer, em vez de quere e requere estas últimas formas conservam-se, no entanto, nos casos de ênclise: quere-o (s), requere-o (s). Nestes contextos, as formas [...] qué-lo e requé-lo são pouco usadas. 
[...] usa-se também o hífen nas ligações de formas pronominais enclíticas ao advérbio eis (eis-me, ei-lo) e ainda nas combinações de formas pronominais do tipo no-lo, vo-las, quando em próclise [...]. (Base XVII 1º e 2º ).  


            Como já consagrado desde 1945, usa-se o hífen na ênclise e na tmse. A ênclise é a colocação pronominal átona depois do verbo e a tmse é uma mesóclise, isto é, a intercalação de um pronome oblíquo átono entre o radical e a desinência das formas verbais no futuro do presente e no futuro do pretérito. Ex.: dá-se, enviar-lhe-emos etc. Não se emprega o hífen, porém, em ligações das formas monossilábicas do presente do indicativo a preposição de, pois o de só está servindo como elo, formando uma perífrase verbal. Ex.: hei de ler. Um caso ainda, a destacar são os verbos querer e requer, pela força do hábito são utilizados desta maneira, no entanto quando se trata de ênclise eles passam a ser usados da forma que deveriam ter sido consagrados, quere e requere. Ex.: quere-o e requere-o etc. Uma outra particularidade é com o advérbio eis ligado aos pronomes enclíticos, ligam-se por meio de hífen.   
            Após tudo o que foi aqui analisado paira dúvidas se essas regras serão realmente utilizadas ou só ficaram nos livros. No uso popular em nada se modificou. O que se usa na linguagem oral, dificilmente se modifica, por isso a preocupação com a escrita, o que já está consagrado dificilmente deixará de ser utilizado.   

            
      
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Acordo ortográfico da Língua Portuguesa. In Martins, Vicente. Curso de especialização em Língua Portuguesa e Literatura. Disciplina: Ortografia e o ensino do português. 2009.




           
       
           




















* Texto elaborado a partir estudos feitos sobre o novo Acordo Ortográfico 2008, para critério de avaliação na Disciplina: Ortografia e o Ensino do Português, no Curso de Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.  
** Graduada em Letras Habilitação em Língua Portuguesa e Suas Respectivas Literaturas pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário