Roberta
Farias Paiva**
RESUMO
O presente artigo tem por finalidade
analisar a questão do emprego do hífen no acordo ortográfico. A partir do
estudo feito o intuito desse trabalho é destacar o que acontece com o hífen,
suas mudanças e restrições e o que permanece. Para isso o artigo foi analisado
de acordo com as bases apresentadas para tal estudo. Ao longo da análise três
Bases foram investigadas, em cada uma a tentativa foi de sorver o essencial. Na
Base XV o estudo se deu em torno do emprego do hífen nos composto, locuções e
encadeamentos vocabulares. Na Base XVI, a análise apresentada ficou por conta
do emprego do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação. Na
Base XVII o estudo feito foi sobre o hífen na ênclise, na tmse e com o verbo
haver. Para a compreensão do trabalho o material utilizado foi: gramáticas e a
nova reforma ortográfica. A partir do que foi apresentado o que se espera é que
essa reforma no emprego do hífen venha facilitar seu uso, porque antes da
reforma já era complicado imagina agora que essas mudanças.
Palavras-chave: Reforma
ortográfica. Mudanças. Emprego do hífen.
O uso do hífen
nunca foi tarefa fácil. Em meio a tantas regras e exceções sempre foi considerado
muito difícil o seu uso.
Com a reforma ortográfica, ele ganhou nova versão em alguns casos. Deixando o
seu uso cada vez mais complexo e complicado.
O
intuito desse artigo é mostrar em que aspectos o hífen foi modificado e onde
permanece. Quais as principais mudanças e por que. Como vem facilitar ou
complicar a ortografia atual.
A
reforma ortográfica privilegia três Bases para seu estudo, Base XV a XVII. Ao
longo dessa análise destacaremos suas principais modificações e restrições. Na
Base XV o estudo feito se dá no emprego do hífen em compostos, locuções e
encadeamentos vocabulares, mostrando que nesse aspecto a reforma atual manteve
o que já havia sido previsto desde 1945. Na Base XVI o uso do hífen se dá na
formação, prefixação, recomposição e sufixação. Nessa Base o hífen permanece
nas formações em que o primeiro elemento termina por vogal e o segundo inicia
por consoante, ou termina por vogal e inicia com a vogal que terminou e ainda
quando termina na consoante que inicia o vocábulo seguinte. Não se usa, porém,
em prefixos terminados por vogal seguidos de r ou s, nem quando o
prefixo termina por uma vogal e a palavra seguinte começa por outra. Na Base
XVII o hífen é empregado na ênclise, tmse e verbo haver.
Segundo
a reforma, os usos do hífen nos países lusitanos sempre tiveram algo em comum, a
infinidade de palavras com dupla grafia, ou seja, com ou sem hífen, principalmente
nas formações por prefixação e na recomposição, isto é, formação com
pseudoprefixos de origem grega ou latina.
Essa
diversificação de uso ocorre, segundo o acordo, por falta de sistematização nas
regras consagradas desde 1945, que por alterarem demais o vocabulário oficial
causaram muita polêmica impedindo que essas viessem a uso popular. No entanto,
em 1986 uma tentativa de reforma foi novamente acionada, porém sem muito êxito,
e hoje após as críticas fundamentadas no ano de 1986, entram em rigor as novas
regras para o uso do hífen.
Na
Base XV em sete artigos o estudo feito é com relação ao uso do hífen em
compostos, locuções e encadeamentos vocabulares. Neste caso se mantêm o que foi
proposto em 1945, o que já usamos hoje permanece sendo explicado apenas, de uma
maneira mais clara.
Na
Base XVI no emprego do hífen por prefixação, recomposição e sufixação ocorrem
algumas modificações:
a) Nas formações em que o
segundo elemento começa por h: anti-higiénico/anti-higiênico,
circum-hospitalar, co-herdeiro, contra-harmónico/contra-harmônico [...] [...].
b) Nas formações em que o prefixo ou
pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento:
anti-almirante, infra-axilar, supra-auricular [...]. (Base XVI 1º a e b).
Nos casos apresentados acima
se usa o hífen quando o segundo elemento começa por h, pela vogal que termina a palavra anterior ou pela mesma
consoante que termina o prefixo ou pseudoprefixo. Ex.: semi-hospitalar,
anti-ibérico, hiper-resistente etc. Embora nesses casos também haja exceções
como:
[...] Não se usa, no
entanto, o hífen em formações que contem em geral os prefixos des- e -in e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano
[...] Nas formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o segundo
elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação [...]. (Base XVI 1º a obs. e b obs.).
Então
não se usa o hífen antes de palavras iniciadas pelos prefixos des- e in, porque o prefixo aglutina-se a palavra seguinte, e
nem quando o vocábulo perde o h inicial.
Ex.: des + humano = desumano. E perde-se igualmente o hífen, em palavras
iniciadas com o prefixo co, mesmo que
a vogal seguinte seja o, e o prefixo
aglutina-se a palavra seguinte.
Ainda
na Base XVI artigo 2º os casos onde o hífen também, desaparece são:
a) Nas formações em que o
prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s,
devendo estas consoantes duplicar-se, prática, aliás, já generalizada em
palavras deste tipo pertencentes aos domínios cientifico e técnico. Assim:
antirreligioso, antissemia, contrarregra, contrassenha [...].
b) nas formações em que o
prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal
diferente, prática esta em geral já adotada também para os termos técnicos e
científicos. Assim: antiaéreo, coeducação, extraescolar [...]. (Base
XVI 2º a e b).
Os
casos onde o hífen desaparece é se o prefixo ou pseudoprefixo terminar em vogal
e o seguinte iniciar em r ou s, então as consoantes se dobram. Ex.:
minissaia etc. No caso b o prefixo ou pseudoprefixo precisa terminar por vogal
e a palavra seguinte precisa começar por vogal diferente, daí as formas se
aglutinam. Ex.: agroindustrial etc.
Na
Base XVII o uso do hífen ocorre na ênclise, na tmse e com o verbo haver:
1º Emprega-se o hífen na
ênclise e na tmse: amá-lo, deixa-o, partir-lhe [...].
2º) Não se emprega o hífen
nas ligações da preposição de às
formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: hei de, hás de, hão de, etc.
[...] Embora estejam
consagradas pelo uso às formas verbais quer
e requer, dos verbos querer e requerer, em vez de quere e
requere estas últimas formas
conservam-se, no entanto, nos casos de ênclise: quere-o (s), requere-o (s).
Nestes contextos, as formas [...] qué-lo e
requé-lo são pouco usadas.
[...] usa-se também o hífen
nas ligações de formas pronominais enclíticas ao advérbio eis (eis-me, ei-lo) e
ainda nas combinações de formas pronominais do tipo no-lo, vo-las, quando em próclise [...]. (Base XVII 1º e 2º ).
Como
já consagrado desde 1945, usa-se o hífen na ênclise e na tmse. A ênclise é a colocação
pronominal átona depois do verbo e a tmse é uma mesóclise, isto é, a intercalação
de um pronome oblíquo átono entre o radical e a desinência das formas verbais
no futuro do presente e no futuro do pretérito. Ex.: dá-se, enviar-lhe-emos
etc. Não se emprega o hífen, porém, em ligações das formas monossilábicas do
presente do indicativo a preposição de,
pois o de só está servindo como elo,
formando uma perífrase verbal. Ex.: hei de ler. Um caso ainda, a destacar são
os verbos querer e requer, pela força do hábito são utilizados desta maneira,
no entanto quando se trata de ênclise eles passam a ser usados da forma que
deveriam ter sido consagrados, quere e requere. Ex.: quere-o e requere-o etc.
Uma outra particularidade é com o advérbio eis
ligado aos pronomes enclíticos, ligam-se por meio de hífen.
Após
tudo o que foi aqui analisado paira dúvidas se essas regras serão realmente
utilizadas ou só ficaram nos livros. No uso popular em nada se modificou. O que
se usa na linguagem oral, dificilmente se modifica, por isso a preocupação com
a escrita, o que já está consagrado dificilmente deixará de ser utilizado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Acordo
ortográfico da Língua Portuguesa.
In Martins, Vicente. Curso de especialização em Língua Portuguesa
e Literatura. Disciplina: Ortografia e o ensino do português. 2009.
*
Texto elaborado a partir estudos feitos sobre o novo Acordo Ortográfico 2008,
para critério de avaliação na Disciplina: Ortografia e o Ensino do Português,
no Curso de Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, da Universidade
Estadual Vale do Acaraú – UVA.
**
Graduada em Letras
Habilitação em Língua Portuguesa e Suas Respectivas
Literaturas pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.
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