domingo, 10 de novembro de 2013

DESAFIOS, PROBLEMAS PARA A O ENSINO DA ORTOGRAFIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA




Francisco Cleber Rodrigues da Silva

Resumo

O presente trabalho discute sobre as questões que envolvem o novo acordo ortográfico da língua portuguesa, relacionando os problemas e as dificuldades que professores e alunos da educação básica enfrentarão na aprendizagem e no ensino da nova ortografia. Traz também informações sobre os períodos de adaptação, o quanto está mudando e outros informações sobre a novo reforma ortográfica. Aponta algumas questões muito polêmicas em torno destas mudanças, mas num ponto muitos concordam. “A existência de duas grafias oficiais da língua portuguesa a lusitana e a brasileira tem sido considerada prejudicial para a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio internacional no mundo”. Por isso, este acordo com a tentativa de unificar a escrita nos países lusófonos.

Palavras – Chaves:

ortografia, acordo, educação básica, ensino, língua.


Com a entrada em vigor do novo Acordo ortográfico da Língua Portuguesa em 1º de janeiro de 2009 temos um novo jeito de escrever. Mas o que muda nesta reforma? Traz alguma novidade especial? Quanto afetará a escrita lusitana e brasileira? E para o ensino da ortografia na educação básica quais as consequência e os impactos para os professores e alunos? São com bases em questões como as mencionadas acima e outros apontamentos que tentaremos desenvolver este trabalho.
É importante salientar que o que muda é somente a escrita de um percentual dos vocábulos. “É importante ressaltar que a pronúncia, o vocabulário e a sintaxe permanecem exatamente como estão. A novidade é a unificação de algumas palavras” (SGARIONI, 2009). A pronúncia, o vocabulário e a sintaxe  continuam como estão. A principal novidade é a unificação da grafia de algumas palavras que eram escrita de uma forma no Brasil e outra em Portugal, apesar de ainda existir palavras com as duas grafias . Outras alterações importantes foram: a incorporação das letras (K, W e Y) ao nosso alfabeto que agora passa a ter 26 letras (BASE I) e a eliminação do trema em palavras portuguesas, porém sendo permitidas apenas em palavras estrangeiras e seus derivados.
Com bases em estudos quantitativos verificou-se que no Brasil apenas 0,5% das palavras sofrerão mudanças, enquanto que em Portugal estas alterações da ortografia atingirão 1,6% do vocabulário lusitano. Diante desse fato foram estipulados prazos para cada país se adaptar a estas alterações. No Brasil, por exemplo, será permitido as duas grafias até o dia 31 de dezembro de 2012, será aceito inclusive em vestibulares e concursos públicos.
Não faltam polêmicas e argumentos contra e a favor das mudanças, mas o fato é que o acordo que unifica a ortografia do português em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné – Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal já é uma realidade. As novas regras entraram em vigor no Brasil em janeiro de 2009, com período de adaptação para escolas, editoras, vestibulares e concursos públicos até 2012.

É o tempo que alguns especialistas acreditam ser suficiente para que os brasileiros possam se adaptar e incorporar a nova ortografia.
Com esta nova reforma aumentam os desafios e os problemas para aqueles que cuidam do ensino da língua portuguesa na educação básica especialmente da ortografia.
 Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem contou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em vermelho meus deslizes. Fui assim me obrigando a escrever minimamente do jeito correto. (NETO, 2009)

Pois os professores precisarão se desgarrar das formas já estabelecidas, com as quais estavam habituados. Agora, precisam conhecer a nova grafia, o que foi alterado e os porquê destas mudanças e se prepararem para ensinar com base na nova ortografia. Uma boa medida para facilitar o ensino da escrita é tirar estas novas regras do acordo, da forma de lei e transformá-las em conteúdos didáticos e pedagógicos para que os alunos possam compreender melhor as mudanças e aprender de forma significativa. E isto é um desafio que os professores e especialistas de língua portuguesa precisarão enfrentar.
Certamente este primeiro momento é de aproximação, de conhecimento, de estudo e aprofundamento no assunto. Isto vai exigir destes educadores humildade para reconhecer a necessidade de renovação no conhecimento ortográfico, pois somente o conhecimento que já tinham já não é mais suficiente para o ensino da ortografia com esta reforma. ”Aos poucos, fui me habituando a colocar as letras e os sinais no lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se conseguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras”. (NETO, 209) Empenho para querer realmente conhecer as novas regras e acompanhar este período de adaptação.
Os professores de português serão fundamentais para levar a compreensão e o entendimento dessa nova escrita aos alunos que terão muitas dúvidas e dificuldades, serão os professores que precisam estar orientados e dispostos para acompanhar e está ao lado dos estudantes não como uma autoridade que transparece saber de tudo, e sim como um agente facilitador com mais conhecimento e experiência e que dialeticamente irá construir junto com os educandos o conhecimento da nossa língua.
Acreditamos que esta mudança na escrita terá um maior impacto sobre os alunos do ensino básico, especialmente aqueles que estão nas séries finais do ensino fundamental e os que estão no ensino médio, pois estes estudante já tinham aprendido algumas regras da ortografia da maneira como era anterior à reforma e terão que rever este conhecimento para poderem entender e conhecer o que mudou e como funcionará o novo sistema gráfico português.

Isto demandará dos educadores que trabalham e trabalharão com este público uma atenção e um cuidado especial. Pois, enfrentarão mais dificuldades, porque precisarão desmontar um conhecimento gráfico já estruturado e reorganizá-lo de forma atualizada. Mas não precisamos pensar que a situação é tão complexa como parece. Com empenho, dedicação  e apoio de todos seguramente ultrapassaremos as adversidades que surgirem. É importante já começarmos a implantar a nova grafia, mas é oportuno também, nesse período de adaptação utilizarmos em nossas aulas as duas grafias para que para o nosso alunado possa acompanhar esta transição e compreender o que está mudando, como era e como ficará a nossa escrita.

Sabemos que existem pontos contraditórios e obscuros que geram polêmicas e discórdia entre os estudiosos do nosso idioma e alguns setores da sociedade. Por exemplo, as letras (K, W, e Y) foram incorporadas ao alfabeto, porém continuam com uso restrito a nomes próprios estrangeiros e seus derivados, a siglas e símbolos. No caso, do trema o texto do acordo diz que ” o trema é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas. Nem se quer sendo usado na poesia...” (BASE IV) Mas continua sendo usado em palavras estrangeiras e seus derivados. Então percebe-se que existem contradições e pontos obscuros que precisariam de argumentos mais esclarecedores. Isto põe mais um desafio para os educadores tentar entender esclarecer os pontos contraditórios e obscuros destas mudanças. Porém o acordo foi decretado, já é uma realidade e temos que nos adaptar à nova escrita e quanto mais a sociedade estiver engajada com a mudança  melhor e mais rápido será a adaptação.
A língua é um organismo vivo que vive pelo uso que seus falantes fazem dela, por isso, está em constante movimento e precisa ser reformulada e adequada às necessidades de mudança que são implementadas pela sociedade em cada momento histórico. Embora sempre existirá os que concordam e os que serão contrários às mudanças e transformações, mas mudar e adequar torna-se necessário para acompanharmos as evoluções sociais, e a língua nosso principal instrumento de comunicação não pode ficar à margem.
Por isso concordemos ou não com esta reforma temos que compreendê-la e difundi-la o máximo possível, pois quanto mais rápido nos adaptarmos ao novo jeito de escrever menores serão os transtornos. O medo do novo nos causa certa insegurança, mas isso é inerente ao comportamento humano. Mas quando conhecemos o novo  entendemos a sua razão de existir a insegurança dá lugar satisfação de aprender. Portanto, não há o que temer, as transformações acontecem e é comum as discussões sobre o que a mudança implicará . E são as discussões que permitem se chegar a consensos e acordos indispensáveis à vida social. Também não é a primeira mudança que ocorre no nosso idioma, já houve outras e nos adaptamos.
Então, vamos aos estudos para conhecer e compreender a reforma pensando sempre em algo maior, contribuir com a divulgação da nossa língua entre os seus usuários ajudando-os a conhecer, compreender e valorizar a língua materna. Desafios e dificuldades vão surgir sempre, mas precisamos enxergar os nossos horizontes além deles mesmos, pois assim, encontraremos forças e motivos para transpormos os obstáculos. Deveremos substituir a insegurança da mudança pela vontade de deixar a língua evoluir e acompanhá-la, não de forma passiva mas criticamente de modo que possa permitir as trocas naturais e dialéticas entre linguagem e sociedade

Referências Bibliográficas

MARTINS, Vicente. Ortografia e o Ensino do Português. Sobral 2008

Revista Nova Escola: Manual da Nova Ortografia. São Paulo, 2009.

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