Francisco
Cleber Rodrigues da Silva
Resumo
O presente trabalho
discute sobre as questões que envolvem o novo acordo ortográfico da língua
portuguesa, relacionando os problemas e as dificuldades que professores e
alunos da educação básica enfrentarão na aprendizagem e no ensino da nova
ortografia. Traz também informações sobre os períodos de adaptação, o quanto
está mudando e outros informações sobre a novo reforma ortográfica. Aponta
algumas questões muito polêmicas em torno destas mudanças, mas num ponto muitos
concordam. “A existência de duas grafias oficiais da língua portuguesa a
lusitana e a brasileira tem sido considerada prejudicial para a unidade intercontinental
do português e para o seu prestígio internacional no mundo”. Por isso, este
acordo com a tentativa de unificar a escrita nos países lusófonos.
Palavras – Chaves:
ortografia, acordo,
educação básica, ensino, língua.
Com a entrada em vigor do novo Acordo
ortográfico da Língua Portuguesa em 1º de janeiro de 2009 temos um novo jeito
de escrever. Mas o que muda nesta reforma? Traz alguma novidade especial?
Quanto afetará a escrita lusitana e brasileira? E para o ensino da ortografia
na educação básica quais as consequência e os impactos para os professores e
alunos? São com bases em questões como as mencionadas acima e outros
apontamentos que tentaremos desenvolver este trabalho.
É importante
salientar que o que muda é somente a escrita de um percentual dos vocábulos. “É importante ressaltar que a pronúncia, o
vocabulário e a sintaxe permanecem exatamente como estão. A novidade é a
unificação de algumas palavras” (SGARIONI, 2009). A pronúncia, o
vocabulário e a sintaxe continuam como
estão. A principal novidade é a unificação da grafia de algumas palavras que
eram escrita de uma forma no Brasil e outra em Portugal, apesar de ainda
existir palavras com as duas grafias . Outras alterações importantes foram: a
incorporação das letras (K, W e Y) ao nosso alfabeto que agora passa a ter 26
letras (BASE I) e a eliminação do trema em palavras portuguesas, porém sendo
permitidas apenas em palavras estrangeiras e seus derivados.
Com bases em
estudos quantitativos verificou-se que no Brasil apenas 0,5% das palavras
sofrerão mudanças, enquanto que em Portugal estas alterações da ortografia
atingirão 1,6% do vocabulário lusitano. Diante desse fato foram estipulados
prazos para cada país se adaptar a estas alterações. No Brasil, por exemplo,
será permitido as duas grafias até o dia 31 de dezembro de 2012, será aceito
inclusive em vestibulares e concursos públicos.
Não faltam polêmicas e argumentos
contra e a favor das mudanças, mas o fato é que o acordo que unifica a
ortografia do português em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné – Bissau, São
Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal já é uma realidade. As novas
regras entraram em vigor no Brasil em janeiro de 2009, com período de adaptação
para escolas, editoras, vestibulares e concursos públicos até 2012.
É
o tempo que alguns especialistas acreditam ser suficiente para que os
brasileiros possam se adaptar e incorporar a nova ortografia.
Com esta nova
reforma aumentam os desafios e os problemas para aqueles que cuidam do ensino
da língua portuguesa na educação básica especialmente da ortografia.
Demorei para aprender ortografia. E essa
aprendizagem contou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu
cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em vermelho meus
deslizes. Fui assim me obrigando a escrever minimamente do jeito correto.
(NETO, 2009)
Pois os
professores precisarão se desgarrar das formas já estabelecidas, com as quais
estavam habituados. Agora, precisam conhecer a nova grafia, o que foi alterado
e os porquê destas mudanças e se prepararem para ensinar com base na nova
ortografia. Uma boa medida para facilitar o ensino da escrita é tirar estas
novas regras do acordo, da forma de lei e transformá-las em conteúdos didáticos
e pedagógicos para que os alunos possam compreender melhor as mudanças e
aprender de forma significativa. E isto é um desafio que os professores e
especialistas de língua portuguesa precisarão enfrentar.
Certamente este
primeiro momento é de aproximação, de conhecimento, de estudo e aprofundamento
no assunto. Isto vai exigir destes educadores humildade para reconhecer a
necessidade de renovação no conhecimento ortográfico, pois somente o
conhecimento que já tinham já não é mais suficiente para o ensino da ortografia
com esta reforma. ”Aos poucos, fui me
habituando a colocar as letras e os sinais no lugar certo. Como essa
aprendizagem foi demorada, não sei se conseguirei escrever de outra forma –
agora que teremos novas regras”. (NETO, 209) Empenho para querer realmente
conhecer as novas regras e acompanhar este período de adaptação.
Os professores de português serão fundamentais para levar a compreensão e
o entendimento dessa nova escrita aos alunos que terão muitas dúvidas e
dificuldades, serão os professores que precisam estar orientados e dispostos para
acompanhar e está ao lado dos estudantes não como uma autoridade que
transparece saber de tudo, e sim como um agente facilitador com mais
conhecimento e experiência e que dialeticamente irá construir junto com os
educandos o conhecimento da nossa língua.
Acreditamos que
esta mudança na escrita terá um maior impacto sobre os alunos do ensino básico,
especialmente aqueles que estão nas séries finais do ensino fundamental e os
que estão no ensino médio, pois estes estudante já tinham aprendido algumas
regras da ortografia da maneira como era anterior à reforma e terão que rever
este conhecimento para poderem entender e conhecer o que mudou e como
funcionará o novo sistema gráfico português.
Isto demandará dos educadores que trabalham e trabalharão com
este público uma atenção e um cuidado especial. Pois, enfrentarão mais
dificuldades, porque precisarão desmontar um conhecimento gráfico já
estruturado e reorganizá-lo de forma atualizada. Mas não precisamos pensar que
a situação é tão complexa como parece. Com empenho, dedicação e apoio de todos seguramente ultrapassaremos
as adversidades que surgirem. É importante já começarmos a implantar a nova
grafia, mas é oportuno também, nesse período de adaptação utilizarmos em nossas
aulas as duas grafias para que para o nosso alunado possa acompanhar esta
transição e compreender o que está mudando, como era e como ficará a nossa
escrita.
Sabemos que existem pontos contraditórios e obscuros que geram polêmicas
e discórdia entre os estudiosos do nosso idioma e alguns setores da sociedade.
Por exemplo, as letras (K, W, e Y) foram incorporadas ao alfabeto, porém
continuam com uso restrito a nomes próprios estrangeiros e seus derivados, a
siglas e símbolos. No caso, do trema o texto do acordo diz que ” o trema é
inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas. Nem se quer
sendo usado na poesia...” (BASE IV) Mas continua sendo usado em palavras
estrangeiras e seus derivados. Então percebe-se que existem contradições e
pontos obscuros que precisariam de argumentos mais esclarecedores. Isto põe
mais um desafio para os educadores tentar entender esclarecer os pontos
contraditórios e obscuros destas mudanças. Porém o acordo foi decretado, já é
uma realidade e temos que nos adaptar à nova escrita e quanto mais a sociedade
estiver engajada com a mudança melhor e
mais rápido será a adaptação.
A língua é um organismo vivo que vive pelo uso que seus falantes fazem
dela, por isso, está em constante movimento e precisa ser reformulada e
adequada às necessidades de mudança que são implementadas pela sociedade em
cada momento histórico. Embora sempre existirá os que concordam e os que serão
contrários às mudanças e transformações, mas mudar e adequar torna-se
necessário para acompanharmos as evoluções sociais, e a língua nosso principal
instrumento de comunicação não pode ficar à margem.
Por isso concordemos ou não com esta reforma temos que compreendê-la e
difundi-la o máximo possível, pois quanto mais rápido nos adaptarmos ao novo
jeito de escrever menores serão os transtornos. O medo do novo nos causa certa
insegurança, mas isso é inerente ao comportamento humano. Mas quando conhecemos
o novo entendemos a sua razão de existir
a insegurança dá lugar satisfação de aprender. Portanto, não há o que temer, as
transformações acontecem e é comum as discussões sobre o que a mudança
implicará . E são as discussões que permitem se chegar a consensos e acordos
indispensáveis à vida social. Também não é a primeira mudança que ocorre no
nosso idioma, já houve outras e nos adaptamos.
Então, vamos aos estudos para conhecer e compreender a reforma pensando
sempre em algo maior, contribuir com a divulgação da nossa língua entre os seus
usuários ajudando-os a conhecer, compreender e valorizar a língua materna.
Desafios e dificuldades vão surgir sempre, mas precisamos enxergar os nossos
horizontes além deles mesmos, pois assim, encontraremos forças e motivos para
transpormos os obstáculos. Deveremos substituir a insegurança da mudança pela
vontade de deixar a língua evoluir e acompanhá-la, não de forma passiva mas
criticamente de modo que possa permitir as trocas naturais e dialéticas entre
linguagem e sociedade
Referências Bibliográficas
MARTINS,
Vicente. Ortografia e o Ensino do
Português. Sobral 2008
Revista
Nova Escola:
Manual da Nova Ortografia. São Paulo, 2009.
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