Francisco Cleber Rodrigues da Silva
Resumo
O
presente artigo discute as questões do emprego do hífen nas diversas situações
em que se deve usá-lo e as mudanças que o novo acordo estabelece para o uso
deste. Procuramos transcrever muitos detalhes especificados para que se possa
ter uma compreensão mais abrangente do que permanece como antes e o mudou e o
quanto esta mudança interfere na nossa escrita.
Palavras Chaves:
Acordo,
hífen, regras, unificar, simplificar, grafia
As
regras que regulam o uso do hífen na língua portuguesa estão entre as mais
difíceis e complexas. Pois tem uma quantidade variada de situações em que se
pode usar este traço, de forma amiúde são aproximadamente quinze regras que
determinam o emprego correto do hífen, em função desta diversidade de normas o
uso do hífen está entre os erros de português mais frequentes.
Entre Brasil e Portugal não existe grandes
diferenças no uso do traço–de–união; o que há são variações e duplas grafias.
Isso foi um dos pontos que motivou a formulação de novas regras querendo
torná-las mais claras e inovadoras. O Novo acordo alterou algumas normas de uso
do hífen com a finalidade de simplificar esta questão, mas nem de longe consegue
resolver o problema.
O hífen, também chamado
de traço de união, que tem a função de separar as sílabas de palavras, para
ligar pronomes a verbos (próclises, mesóclise e ênclise), criar conjunto de
letras e números variados (AI – S, Atlético – MG, etc.). Porém a finalidade
principal do hífen está na formação de palavras compostas. Os elementos das
palavras compostas que traz a noção de composição se ligam por meio de hífen,
formando uma unidade de sentido.
Com o acordo
ortográfico quais as principais alterações nas regras do emprego do hífen? Pelo
novo acordo em algumas situações deixaremos de usar o traço-de-união. É uma
tentativa de simplificar o uso deste traço. Sendo assim segue algumas situações
que o hífen desaparece:
1-      
Não se usa mais o hífen em vocábulos cujo o
prefixo terminar em vogal e o segundo elemento iniciar por consoante. Nos em
que essa consoante seja “r” ou “s” obrigatoriamente deverá ser duplicada;
| 
Antes do Acordo | 
Depois do Acordo | 
| 
Contra-regra | 
Contrarrega | 
| 
Extra-regular | 
Extrarregular | 
| 
Anti-semita | 
Antissemita | 
| 
Ultra-sonografia | 
Ultrassonografia | 
| 
Contra-senha | 
Contrassenha | 
| 
Infra-som | 
Infrassom | 
| 
Co-sino | 
Cossino | 
| 
Contra-senso | 
Contrassenso | 
| 
Ultra-secreto
   | 
Ultrassecreto | 
| 
Supra-sumo | 
Suprassumo | 
| 
Neo-republicano | 
Neorrepublicano | 
2-  O
hífen é eliminado em formações em que a vogal final do prefixo é diferente da
vogal inicial do segundo elemento, 
conforme os exemplos a seguir:
| 
Antes do Acordo | 
Depois do Acordo | 
| 
extra-escolar | 
Extraescolar | 
| 
Auto-aprendizagem | 
Autoaprendizagem | 
| 
Contra-indicado | 
Contraindicado | 
| 
Extra-oficial | 
extraoficial | 
| 
Auto-estrada | 
autoestrada | 
Com estas alterações percebemos que há uma
simplificação no uso do hífen que sem dúvidas fortalecerá a  compreensão e uso correto da língua.
De
forma sucinta e sintética descreveremos o uso do hífen conforme colocado pelo
acordo:
1-     
hífen é empregado em palavras compostas por
justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos (substantivos,
adjetivos, numerais ou verbos) perderam sua significação própria e formam uma
nova unidade morfológica e de sentido, mas mantêm acento próprio. O primeiro
elemento da palavra pode, ainda, estar reduzido. Exemplos: ano-luz, arco-íris,
decreto-lei, médico - cirurgião, tenente-coronel, tio-avô, etc.
No entanto, o sinal cai em palavras
compostas que perderam a noção de composição, ganhando um significado próprio,
e passam a ser grafados aglutinadamente, conforme abaixo:
| 
Antes do acordo | 
Depois do Acordo | 
| 
Pára-quedas | 
Paraquedas | 
| 
Para-quedista | 
Paraqueduista | 
| 
Manda-chuva | 
Mandachuva | 
| 
Pára-choque | 
Párachoque | 
| 
Roda-vida | 
Rodavida | 
| 
Cabra-cega | 
Cabracega | 
| 
Ferro-velho | 
Ferrovelho | 
| 
Bate-boca | 
Bateboca | 
| 
Toca-fitas | 
Tocafitas | 
2-     
O hífen é empregado em nomes de lugares
(topônimos) iniciados por gão e grã, por verbos e quando houver artigos em seus
elementos: Grã-Bretanha, Passa-quatro, Baía de Todos-os-Santos.
Os
outros topônios compostos são escritos com os elementos separados sem hífen:
America do Sul, Belo Horizonte, Cabo verde, Castelo Branco, Belém do Pará, etc.
Existe
uma exceção a essa regra: Guiné-Bissau,
pois foi consagrada pelo uso.
3-     
O hífen 
é usado nas palavras compostos que designam espécies botânicas ou
zoológicas, estejam  ela ligadas ou não
por preposição ou outro elemento. Exemplo: abóbora-menina, couve-flor,
erva-doce, andorinha do mar, cobra-d’água, bem-te-vi.
4-     
Emprega-se o hífen nas formações que começam
por bem ou mal e em que o segundo elemento for iniciado por vogal ou h:
bem-aventurado, bem-humorado, mal-educado, mal-estar.
Obs.: Há casos em que o
advérbio “bem” ao contrario de mal, pode não se aglutinar com palavras
começadas por consoante “p” e “b”. Exemplos: bem-vindo, bem-criado,(malcriado),
bem-ditoso, (malditoso),etc.
Em
outros casos o bem  aparece aglutinado
com o  segundo elemento, mas o “m” dar
lugar ao “n”. Exemplos: benfasejo, benfeitor, benfeitoria, etc.
5-     
O hífen sempre é usado quando o primeiro
elemento de composição for além, aquém, recém ou sem. 
Exemplos:
além-mar, aquém-pirineus, recém-casado, sem-número, etc.
6-      O hífen não é usado em locuções: 
a)     
Substantivos: fim de semana, sala de jantar;
b)     
Adjetivos: café com leite, cor de vinho:
c)     
Pronominais: nós mesmos, cada um:
d)     
Adverbiais: à vontade, de mais:
e)     
Prepositivas: a fim de, enquanto a:
f)      
Conjuncionais: logo que, ao passo que.
Existem
algumas exceções que pelo uso foram consagrados, como exemplo: água-de-colônia,
arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, a
queima-roupa.
7-     
Empregamos o hífen em palavras que se combina
formando encadeamentos vocabulares. Exemplos: a divisa
Liberdade-Igualdade-Fraternidade, Ponte Rio-Niterói, etc.
8-     
Com relação aos prefixos, usamos o hífen nas
seguintes situações:
a)     
O hífen passa a ser empregado nas composições
em que o segundo elemento começa com h: anti-herói, extra-humano, pré-história,
super-homem, etc.
Obs.:
A exceção é “subhumano”, em que a palavra humano se aglutina com o prefixo e
perde o “h”. Também não se usa o hífen em formações que contêm os prefixos des-
e in-. Nessas  situações, o segundo
elemento da palavra perde o “h” inicial: desumano, desumidificar, inábil,
inumano, etc.
b)     
Também se usará o hífen nas palavras cujo
prefixo termina com a mesma vogal, com a qual se inicia o segundo elemento:
anti-ibérico, contra-almirante, infra-auxiliar, micro-ondas, etc.
Obs.: Os prefixos co-, pre-,
e re- aglutinam-se com o segundo elemento da palavra, mesmo quando iniciada por
“o” (em co-) ou “e” (em pre- e re-): coobrigação, coocupante, preencher,
reeducar, reeleição, reencontro, etc.
c)     
O hífen cabe nas formações com os prefixos
circum – e pan – quando o segundo elemento começa por vogal, “m” ou “n”: circum-escolar,
circum-murado, circum-navegação, pan-africano, pan-mágico, pan-negritude.
d)     
Emprega-se hífen nas formações com prefixos
hiper-, inter- e super-, quando são combinados com elementos iniciados por “r”:
hiper-requitado, inter-resistente, super-revista.
Obs.:
Porém nos outros casos não aceitam o hífen: hipermercado, intermunicipal,
superproteção, etc.
e)     
O hífen sempre é empregado nas formações com os
prefixos ex – (com o sentido de estado anterior ou casamento), sota-, soto-,
vice-: ex-almirante, ex-diretor, sota-piloto, soto-mestre, vice-presidente,
etc.
f)      
O hífen é usado nas formações com prefixos
tônicos acentuados graficamente pós, 
pré, e pró- quando o segundo elemento tem vida: pós-graduação,
pós-guerra, pré-escola, pró-europeu,etc.
g)     
Usa-se o hífen nas formações com o prefixo sub-
quando o segundo elemento for iniciado por “b” ou “r”: sub-ração,
sub-bibliotecário, etc.
9-     
O hífen não é usado nas palavras com prefixos
nas seguintes situações:
a)     
Quando o prefixo termina em vogal e o  segundo elemento  começar por “ r ’’ ou “ s’’ . Nesses casos o
“ r ’’ ou o “ s ’’ serão duplicados.. Exemplos: antirreligioso, antissemita,
controssenso, contrassenho, microssistema , etc.
b)     
Quando o prefixo termina em vogal e o segundo
elemento começar por vogal diferente: Exemplos: antiaério,
coeducar,euroespacial, eutoestrada,                                         etc.
10-   No caso das palavras
formadas por sufixação, o hífen é empregado somente nos vocábulos por sufixos
de origem tupi-guarani com valor de objetivo, como açu. Guaçu  e mirim, quando o primeiro elemento for uma
palavra terminada em vogal e levou acento ou quando a pronuncia exigir:
Exemplos: amoré- guaçu, , anajá- mirim , andá-açu , capim-açu, ceará –mirim. 
11-  O hífen é usado ênclise   e
na mesóelise (também chamada de tmese): amá-lo deixa-o, amá-lo-ei ,
enviar-lhe-mos.
12-  O hífen é usado nas formas do verbo querer – o ( s ) e segure-o (
os ).
13-  Usa-se o hífen para ligar 
as formas pronominais enclíticas ao advérbio eis  (eis-me, ei-lo).
14-  Não se emprega hífen nas ligações de preposição de formas
monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver. Exemplos: hei de, hás
de, etc.
15-  Se quando for passar de uma linha a outra palavra com hífen
precisar ser separada e a separação coincidir com o fim de um dos elementos,
deve-se repetir o hífen na linha seguinte.
   Por exemplo
Ex -               vice-
-elferes         -almirante.  
   Diante da variedade das situações em que o
hífen é usado e da complexidade das normas que regulamentam o seu emprego.
Concluímos que o acordo mexe muito pouco nesta questão. Pois é uma questão
complexo e controvertida então a viabilidade das mudanças não foram tão
impactantes. Porém as mudanças, embora pequenas têm a intenção simplificar
dentro  do possível o uso correto do
hífen dentro da língua portuguesa e unificar mais a ortografia oficial do nosso
idioma no mundo.
 Referências Bibliográficas
MARTINS, Vicente.
Ortografia e o Ensino do Português. Sobral 2008
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