Anne Dayana
Marques do Nascimento
RESUMO
O
presente artigo diz respeito à reflexão e discussão das propostas de ensino da
Ortografia na Educação Básica Brasileira, focando as perspectivas dos
professores e educandos a respeito do assunto. Realizando dessa forma, uma
análise crítica dessa área, que se constitui em uma das bases para aprendizagem
da escrita, apresentando características e peculiaridades que ainda representam
desafios e problemas para muitos educadores de Língua Portuguesa e instituições
de ensino; principalmente nesse momento que a Ortografia está em evidência por
conta do novo Acordo assinado entre os países onde o Português é o idioma
oficial.
Palavras-chave:
Ortografia, Ensino, Escrita, Acordo Ortográfico.
1 INTRODUÇÃO
A Ortografia pode ser
considerada como um conjunto de normas que regulam a escrita, ela estipula as regras
para se escrever as palavras corretamente e saber utilizá-las.
Dessa forma, a Ortografia está intrinsecamente
ligada à aprendizagem da escrita conforme o que é estabelecido pela norma culta
da Língua, padronizando-a e organizando-a; assim estabelecida por uma convenção
determinada por estudiosos e especialistas na Linguagem, a escrita não fica a
mercê e nem se torna fortemente influenciada pela oralidade e regionalidade dos
diversos tipos de falantes.
Por isso para manter a
Língua viva, dinâmica, concreta seu ensino se torna primordial, daí a
importância das regras e convenções a serem seguidas nos seus mais diversos
campos de estudo da Linguagem (Gramática, Ortografia, dentre outros), já que possibilitam
a unificação, a existência, a consistência e a continuidade do idioma.
Nesse ponto chegamos a um
dos processos mais delicados na aprendizagem escolar da norma culta e muitas
vezes, a única aceita nos mais diversos setores e situações da vida de um
indivíduo; a escrita e o emprego correto das palavras em diversificados
contextos de frases, textos, trabalhos escolares, livros, pesquisas,
publicidade, jornais, revistas e até mesmo na pronúncia em determinados
momentos de formalidade; abrangendo as diversas capacidades comunicativas do
ser humano.
As instituições de ensino,
precisamente os professores de Língua Portuguesa ficaram incumbidos deste papel
complexo, ensinar a Ortografia, ou melhor, ensiná-la bem, transmiti-la da
melhor e mais adequada forma possível, sem traumas para os alunos. Porém como
ensiná-los dessa forma, como motivá-los e instigá-los também a buscar o
conhecimento nesse sentido.
Essa não é uma tarefa fácil, a maioria dos
alunos apresenta aversão ao ensino de regras, ao que simplesmente é imposto ou tem
que ser memorizado, principalmente diante do Sistema Educacional Brasileiro na
atual conjuntura, o ensino muitas vezes precário das escolas públicas, sem o
suporte e materiais didáticos e da ausência de muitos professores capacitados e
preparados.
Diante das dificuldades dos
alunos e da preocupação dos educadores com este tema, algumas considerações
serão feitas sobre esta proposta, de modo a contribuir positivamente com essas
discussões.
2 ORTOGRAFIA NA ESCOLA: CONCEPÇÕES
DE ONTEM E DE HOJE
Num passado não muito
distante imperava o método de ensino tradicionalista nas escolas brasileiras,
que norteava um ensino mecanicista; esse fato tinha um grande peso no trabalho
com a Gramática e a Ortografia, já que o ensino dessas áreas era baseado somente
na repetição e memorização das palavras, quando muito na descrição das mesmas,
isso era o suficiente - nessa concepção de ensino - para que o aluno
aprendesse; porém não havia sistematização, compreensão, estudo de noções e explicações
por parte dos alunos do que estavam “aprendendo”, o estudo era fragmentado e
descontextualizado; dessa forma o conhecimento não era atingido de fato, já que
os estudantes respondiam às atividades, mas não sabiam justificar o porquê
daquela determinada resposta. As atividades propostas eram apenas cópias,
muitas vezes punitivas, ou meros ditados de palavras aleatórias e fora de
contexto. Como foi colocado por Silva (2006):
Muitos
professores para ensinar ortografia na escola utilizam como estratégia
pedagógica a descrição e a classificação de palavras isoladas. Dessa maneira,
toda a ação é concentrada [...] em exercícios que primam pelo treinamento e
cópia de palavras. Quando essas atividades são dadas, o professor acredita
estar ensinando ortografia, mas seu efeito não vem sendo nada satisfatório. A
grande maioria dos alunos apenas memoriza as instruções, formulando algumas
noções ortográficas de forma passiva e mecânica, sem, no entanto compreender,
de fato, o sentido das atividades propostas.
Não se pode afirmar que seja
um método totalmente ineficaz, já que o professor de Ortografia de certa forma
atingia o seu objetivo de ensinar ao aluno a grafia correta de algumas palavras
isoladas. Constituía-se num método mais fácil, mas sem nenhuma participação ou
intervenção dos alunos, onde se o mesmo incorresse no erro, certamente nele
permanecesse por muito tempo, perdido entre a pronúncia e entre grafemas e
fonemas dos vocábulos de mais difícil ou que causassem dúvidas de Ortografia. Isso
porque se contemplava o erro, apenas corrigido com uma simples chamada de
atenção por parte do professor, sem que fosse explicado ao aluno o porquê do
erro e os motivos pelos quais determinados vocábulos eram grafados de
determinada maneira, tão diferente da pronúncia; ou mesmo que a palavra fosse
uma cópia da fala, ainda assim não eram trabalhadas as armadilhas das
diferenças entre letras e fonemas, a ausência de correspondência, em
determinados vocábulos entre uma coisa e outra.
Porém com tempo e as muitas
mudanças na vida e na sociedade, percebeu-se que estas propostas de ensino (ou
que pelo menos somente elas) estavam fadadas ao fracasso, não davam mais conta
e nem traziam os resultados esperados para esse novo momento que chegava com o
final do século e com os avanços tecnológicos.
Na atualidade, diante das
renovadas propostas de ensino, nascidas dos novos anseios da sociedade:
Construtivismo, Interacionismo e outros ismos da era Paulo Freire; o ensino da
Ortografia tomou novos rumos, apesar de estar ainda associada aos métodos
antigos.
Fala-se muito de práticas
interativas e dinâmicas (com uso de materiais, técnicas e jogos áudios-visuais)
com o uso também de dicionários e manuais como fonte de pesquisa e da
autocorreção ou revisão para o ensino tanto da Gramática quanto da Ortografia.
Ou seja, ensinar as classes gramaticais/sintaxe do Português ou grafia e o uso
correto das palavras/a acentuação gráfica/pontuação, por exemplo, bem como as
devidas explicações para os fenômenos e acontecimentos linguísticos, pode ser
algo prazeroso para os estudantes e estimulá-los a ativar o seu cognitivo em
busca da aprendizagem; além de participarem inteiramente do processo
ensino-aprendizagem escolar, sendo sujeitos construtores do seu próprio conhecimento.
Apesar de alguns professores
ainda recorrerem a técnicas tradicionais para o ensino da Ortografia, novas
concepções e modelos já estão presentes no cotidiano escolar e os educadores
têm consciência disso e sentem a necessidade de trabalhá-los na sala de aula,
mesmo que seja numa ou outra aula.
Essas concepções demonstram
que o ensino da Ortografia permite que o estudante diferencie a Linguagem Oral
e suas variantes, da Linguagem Escrita padronizada que apresenta artifícios
(notações léxicas ou diacríticos), ou seja, evitar que os mesmos escrevam
exatamente como pronunciam os vocábulos na vida diária ou numa conversa
informal- no ambiente familiar ou com o grupo de amigos. A fala não consegue
abranger aspectos da escrita, presa as regras gramaticais e convenções
ortográficas, que muitas vezes ultrapassam o campo de ensino ou de uso para
comunicação, chegando a esferas políticas e econômicas de interesses do Estado.
Porém a Linguagem Oral não deve ser deixada de lado ou suprimida, na verdade
isso nem é possível; ao contrário deve ser respeitada, valorizada, bem como
devem ser colocadas claramente para o aluno, as situações de uso da mesma, até
porque o principal meio de comunicação humana é a fala.
Outro fato importante no
ensino da Ortografia é a diferenciação das diversas competências, o educador
teve ter em mente que as áreas que permeiam o Ensino da Língua Portuguesa estão
hoje mais autônomas - nunca desvinculadas -, isso inclui produção textual, a
famosa Redação escolar, a Literatura, a Gramática, a Ortografia e a Leitura. Um
aluno pode ser competente na produção de textos, quanto à elaboração e organização
dos elementos narrativos, pode estar atento à sintaxe e ter o domínio das
classes gramaticais, ou ser um leitor assíduo, e não ter uma boa Ortografia ou
vice – versa; respeitar dessa forma as potencialidades de cada sujeito. Conforme
exposto por Borges (2007):
[...]
a escola precisa ensinar e isso deve começar pela eliminação de alguns
equívocos como, por exemplo, achar que o aluno que lê bastante eliminará todas
as suas dificuldades ortográficas. Com certeza terá maior facilidade, visto que
seu vocabulário básico torna-se mais amplo.
Outro equívoco é confundir competência textual com erros ortográficos. A
competência em ortografia é algo particular dentro da competência com a língua
de modo que um indivíduo pode ser muito bom produtor de textos (quanto às
dimensões pragmáticas, sintáticas da composição textual), mas ter problemas com
ortografia.
Além disso, todos deveriam saber o caminho
perigoso que é trabalhar a Ortografia tendo como foco principal o erro e sua
mera correção apenas, mas concebê-lo como um mecanismo a mais para o professor
verificar em que ponto o ensino se encontra deficiente. Como demonstra Borges
(2007):
[...]
é necessário para começar o ensino da ortografia, rever atitudes da escola
diante do erro. Em vez de tomar os erros ortográficos de nossos alunos como
índices para dar nota, devemos enxergá-los como indicadores do que precisamos
ensinar.
Todas estas novas visões, metodologias de
trabalho apresentam enfim, resultados realmente positivos, possibilitando a
consolidação definitiva da aprendizagem; com o uso associado das antigas
técnicas (cópias, ditados, memorização, repetição) que não devem ser
abandonadas, e sim ajustado às novas práticas; o problema não se constitui nos
métodos em si, mas na forma como eram utilizados, em saber empregá-los na sala
de aula, interligando – os de forma sistemática.
3 A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DA
ORTOGRAFIA
A ortografia não
é o único meio de se ensinar Linguagem Escrita, nem deve se deve ter noção de
que este campo da linguagem deve ficar restrito a apontar o que está certo ou
errado na grafia das palavras, não somente isso é algo que vai muito mais além.
Como esclarece Morais (2000):
O que deve reger o ensino da ortografia não é a preocupação no que
diz respeito a quais palavras escrever “corretamente”, mas, sim, o porquê de se
escrever as palavras desta ou daquela maneira, isto é, quais normas
ortográficas regem sua escrita. “A compreensão das dificuldades regulares dá
segurança ao aprendiz: internalizando as regras, ele terá segurança para
escrever corretamente palavras que nunca teve oportunidade de ler”.
Ela é feita por
regras, normas e convenções e os professores devem empregar estratégias
contínuas para o trabalho com as regras ortográficas, que na verdade devem ser
memorizadas pelo aluno, já que elas norteiam, explicam o motivo das palavras
serem escritas de determinada forma e não de outra. E até mesmo as que fogem as
normas têm uma razão de ser, e nesses casos o domínio das convenções
ortográficas deve ser útil, já que nelas mesmas estarão presentes a
justificativa para as exceções, quer sejam etimológicas, históricas ou mesmo a
oralidade que marcou profundamente, transformado a palavra.
A partir do
momento que os alunos têm a oportunidade de vivenciar essa visão mais
aprofundada da Ortografia, certamente a escrita correta venha a ser
internalizada, e mesmo que isso não aconteça com todas as palavras do
vocabulário dos mesmos, eles saberão argumentar e discutir como, onde e porque
utilizar a escrita.
Conscientizar-se-ão que dentro do processo de
aprendizagem da escrita existem aspectos muito complexos e relevantes que os
conduzirão a conhecimentos bem mais pertinentes para o uso dessa modalidade de
Linguagem e ao pleno domínio da mesma, como no fenômeno da produção textual em
que outras habilidades são necessárias, como as competências: cognitiva,
sintática e semântica; isso é enxergar além do texto, saber estruturar uma
frase, interligar uma a outra num todo coeso e coerente; perceber, sentir o
contexto, a situação, quando elas fazem e transformam uma simples palavra; e para
isso, saber Ortografia como escrita correta apenas, não é o suficiente.
Diante desses
fatos, os estudantes passam a ter as ferramentas na mão para construir, buscar,
aprimorar – sem. E como exemplo do que está sendo exposto temos as palavras
homógrafas, aquelas em que a escrita é idêntica, mas a pronúncia e o sentido
são diferentes. No caso do texto escrito, somente o sentido vai esclarecer a
que vocábulo está se referindo, nessa exemplificação percebe-se que saber
somente escrever não é o mais importante e sim, a possibilidade da
interpretação, é ela quem vai demonstrar a visão de mundo do aluno, suas idéias,
opiniões, ou mesmo construí-las; além disso, o foco também é na mensagem que
deve ser transmitida, se esta se realiza com o sucesso; caso isso aconteça, a
comunicação fica estabelecida sem prejuízos, mesmo que uma palavra ou outra não
esteja grafada corretamente. Por isso leitura e escrita estão interligadas,
associadas, uma depende da outra.
Vale destacar
que não se está colocando que as palavras escritas de forma errônea devem ser
esquecidas pelo educador, de forma alguma, estas devem ser corrigidas de forma
que o educando tenha a noção da razão do erro, através de uma reflexão da
palavra; pois se isso não for trabalhado ele continuará errando do mesmo jeito;
o educador só não deve se prender muito nessa questão, muito menos como forma
de conceituar o aluno por conta das suas dificuldades ortográficas. Conforme afirma
Cagliari (2001): “[...] o professor precisa estimular seus
alunos a produzirem textos sem se preocupar com os erros de ortografia, pois o
controle das normas ortográficas é um desastre para ensinar alguém a escrever o
que pensa”.
Além disso, os
educadores devem colocar aos alunos, o que e o pra que da Ortografia, o motivo
e a importância de se escrever corretamente, saber usar as palavras nas
manifestações escritas, para que o ensino desse conteúdo passe a ter sentido,
uma razão para que o aluno venha a estudá-lo.
Nesse ponto entra
as relações sociais, a vida profissional, pessoal e até mesmo afetiva. A extrema necessidade de saber se expressar,
colocando para o estudante que isso será cobrado dele no futuro, que no
presente também existe um público de leitores para as suas respectivas
produções, e que ao ter domínio da Linguagem Escrita, ele certamente se
comunicará melhor também oralmente, mesmo nos momentos de maior informalidade;
uma das exigências mais fortes da sociedade atual.
Diante das
colocações podem ser destacados objetivos para se trabalhar pedagogicamente a
Ortografia na sala de aula.
Uma consideração
importante, a ortografia cobre um abismo que existe entre
grafemas e fonemas (letras e sons), o princípio deveria ser cada letra
correspondendo a um som, mas isso não acontece; um mesmo grafema pode ser usado
por diferentes fonemas ou um mesmo som ser representado graficamente de formas
diferentes, sendo assim o sistema alfabético não é suficiente para contemplar
todas as variações existentes, papel transferido para a Ortografia.
Baseando-se
na consideração acima, pode-se afirmar que o trabalho com a Ortografia na
escola possibilita que o aluno discrimine Oralidade e Escrita em sua plenitude,
de forma concreta e contextualizada, estabelecendo as especificidades de cada
modalidade.
Possibilita
também um auxílio precioso no processo de aquisição da Leitura e é uma das
bases primordiais, após a aprendizagem do alfabeto, da correspondência entre
som/letra e da noção e junção de sílabas para a aquisição e estruturação da
Escrita, conforme o que é aceito pela norma padrão, que organiza e unificada a
escrita; sendo esses aspectos importantes e necessários.
A Ortografia é ainda um instrumento para todas
as produções e todos os tipos de manifestações escritas inventada pelo homem, e
de certa forma, quando utilizada de forma adequada na escola, potencializa a
composição de textos nos alunos que se sintam mais seguros em expor suas idéias
sem receios extremados em relação às palavras; e até mesmo com correção
ortográfica necessária que qualificaram ainda mais o seu trabalho.
E
por fim, também está associada à aprendizagem da Gramática e vice-versa, e às
áreas sintáticas e semânticas, como no uso dos porquês, das palavras homógrafas
e homófonas, respectivamente, trazendo esclarecimentos nesse sentido.
Essas
podem ser as reais contribuições do ensino da Ortografia, a essência de sua
importância, o motivo pelo qual professores de Língua Portuguesa não devem
deixá-la em segundo plano, como já foi feito em épocas anteriores e a razão de
se explorá-la de forma dinamizada e reflexiva, para que resultados positivos
realmente apareçam. Caso contrário, a insatisfação de alunos e professores perdurará
e avanços na aprendizagem da Língua Portuguesa podem não acontecer.
4 O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA
PORTUGUESA COM O FOCO NO ENSINO
A Ortografia
está em evidência neste começo do ano de 2009, as discussões estão de fato
acaloradas sobre o tema, pois o momento é pertinente, já que o novo Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa do ano de 1990 finalmente foi aprovado pelos
parlamentos e assinado por todos os países que falam Português no ano passado; começando
a vigorar neste ano e devendo ser o único utilizado definitivamente a partir de
2012 - apenas um tempo para que as pessoas se adaptem -, por enquanto as duas
formas são aceitas, porém as mudanças já estão sendo e estudadas nas escolas e
impressas nos livros e meios de comunicação.
O objetivo deste
Acordo Ortográfico é unificar a escrita nos países lusofônos, principalmente
Portugal e Brasil, que serviram de base às novas regras, e de certa forma
possibilitar o crescimento e fortalecimento das relações exteriores -
políticas, econômicas, mercantis e culturais entre os países contemplados pelo
Acordo e destes, com as demais nações do mundo. Como já acontece nos países que
falam o espanhol, variações na pronúncia e uma Ortografia unificada.
As mudanças
advindas com Acordo alteraram a escrita de menos de um por cento das palavras
do Português brasileiro, e essas alterações modificam a Ortografia apenas, não
a pronúncia.
Antes das
mudanças ortográficas alguns educadores já enfrentavam dificuldades para
ensinar a Ortografia na escola, vários trabalhos acadêmicos, estudos e
pesquisas abrangem este assunto que se tornou um desafio para as instituições
de ensino públicas e privadas e seus professores, cada vez mais cobrados com
relação a bons resultados neste tema. Agora com o novo Acordo assinado de tal
importância aos interesses do Estado, estas cobranças serão ainda maiores, um
ponto positivo para chamar a atenção dos envolvidos com a educação básica
brasileira para o assunto, valorizando - o. A superexposição do tema por parte
da mídia gera curiosidade e as novas regras devem ser internalizadas pelos
educandos num trabalho ainda mais contínuo.
Na maioria dos
casos o método do treino ortográfico ainda é a forma mais utilizada para
trabalhar a Ortografia, com exercícios e atividades de cópia no caderno, no
livro didático e nas apostilas, isso ainda não foi superado tanto na escola
pública como na particular. Em detrimento disso, modelos mais eficazes também
já estão presentes nas práticas pedagógicas de alguns professores e que aos
poucos ganham destaque.
Com o novo acordo
a responsabilidade da escola é ainda maior, visto que crianças e adolescentes
dificilmente encontrarão suporte para o progresso, consolidação e uso adequado
da escrita segundo as novas regras fora do ambiente escolar; como no social e
familiar, principalmente se esta tiver baixo nível cultural. Pode-se afirmar
que se uma nova ortografia entra em vigor, por motivos que ultrapassam o ato de
escrever, este é o momento de se empregar as novas metodologias.
Assim, a
introdução das novas regras deve ser feita logo nas séries iniciais (Ensino
Fundamental I), após o processo de alfabetização, nesse estágio as mudanças não
terão impactos, já que as crianças darão seus primeiros passos na aprendizagem
da Ortografia seguindo essas novas regras, preferencialmente trabalhadas de
maneira lúdica; com uso de gravuras, cores, imagens, desenhos e sons associados
às palavras; contação, leitura de histórias e o emprego dos vocábulos nos
textos, para que os mesmos não fiquem isolados e para despertar a curiosidade
dos alunos; através de jogos, brincadeiras e dinâmicas para tornar o ato de
ensinar e aprender mais prazeroso, prendendo atenção das crianças; associar
também este estudo à vida prática, trazendo os conteúdos para a realidade do
aluno. E depois da realização de cada uma dessas atividades, solicitar que
façam os exercícios de treino ortográfico, ditado oral e escrito, cópias do que
foi explorado a partir do audiovisual.
No Ensino
Fundamental II, onde os alunos se encontram num estágio mais avançado, uma boa
proposta é realizar um contraponto das formas antigas com o que e porque foi
alterado; num processo de revisão do que já foi estudado, de comparação através
da exemplificação e finalmente de adaptação, compreensão aprofundada e
memorização da nova escrita, até que a anterior seja totalmente abolida e há
tempo para isso. Contemplando também a associação das práticas tradicionais com
as atuais, com métodos ajustados para esta faixa etária.
Contudo as
maiores dificuldades estarão mesmo no Ensino Médio visto que, os conteúdos já
foram apreendidos pelo aluno terão de serem revistos; explicar às origens, o
histórico, as motivações e as implicações do Acordo pode ser um começo; um
contraponto entre o antes e o depois também; mas provavelmente apenas a
memorização dessas regras e das palavras alteradas pode vir a dar uma resposta,
mesmo porque essa é atitude mais comum de professores e alunos do Ensino Médio,
decorar fórmulas, regras, procedimentos, definições e noções para o
vestibular.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir de tudo que foi
discutido anteriormente, foi possível comprovar a insuficiência do ensino da
Ortografia, a falta de importância dedicada ao tema e a defasagem na
aprendizagem dos alunos, com métodos ineficazes de trabalho pedagógico que
perduraram por muitos anos nas escolas brasileiras.
No entanto esse quadro vem
sendo alterado constantemente, com a tomada de consciência das instituições de
ensino, educadores e dos estudantes da necessidade de uma formação que vá muito
mais além do que meras descrições, repetições e memorizações, sem as reflexões,
as razões, a análise e o aprofundamento dessas questões para que de fato o
aluno internalize os conhecimentos.
O novo Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa levantou ainda que inconscientemente estas discussões, e não
cabe aqui entrar no mérito de quem, como, por quais necessidades ou motivos o
Acordo tenha sido criado, quais os critérios estabelecidos e as deficiências ou
acertos do mesmo. O fato é o que ele já vigora e precisar ser explorado na sala
de aula.
Comprovamos que a consolidação da
aprendizagem escrita precisa da Ortografia, que está não deve ser colocada em
segundo plano nas aulas de Língua Portuguesa; mas que isso também não é o mais
importante para avaliar o aluno.
Enfim, antigos conceitos estão sendo
superados e novas concepções estão ganhando espaço na escola, com isso
espera-se que o ensino da Ortografia na Educação Básica brasileira deixe de se
constituir num problema ou dilema para os professores, e num assunto pouco
atrativo para os estudantes, passando a ser visto como um mecanismo a favor do
processo de ensino-aprendizagem com resultados positivos para ambas as partes.
6
REFERÊNCIAS
BORGES,
Thaysa Silva da Luz. Ortografia nas
Séries Iniciais: Memorização e Reflexão. Rio Grande do Sul, 2007.
Disponível em: <http:/forum.ulbratorres.com.br>. Acesso em: 08 abril.2009.
CAGLIARI, Luís Carlos. Alfabetização & Lingüística. 10.
ed. São Paulo: Scipione, 2001.
MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: Ensinar e Aprender. São
Paulo: Ática, 2000.
SILVA,
José Ricardo Carvalho da. Chegando Mais
Perto das Regras Ortográficas. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.estacio.br>. Acesso em: 15 abril.2009.
[1]
Proposta para o artigo científico apresentado como forma de avaliação
parcial da disciplina de Ortografia e o Ensino do Português, do curso de
pós-graduação de Língua Portuguesa e Literatura, professor: Vicente Martins.
[2]
Aluna do Curso de Pós-Graduação em Língua Portuguesa e Literatura da
Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA.
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