domingo, 10 de novembro de 2013

DESAFIOS, PROBLEMAS PARA O ENSINO DA ORTOGRAFIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA[1]



 

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                                                                                                  Anne Dayana Marques do Nascimento

RESUMO

O presente artigo diz respeito à reflexão e discussão das propostas de ensino da Ortografia na Educação Básica Brasileira, focando as perspectivas dos professores e educandos a respeito do assunto. Realizando dessa forma, uma análise crítica dessa área, que se constitui em uma das bases para aprendizagem da escrita, apresentando características e peculiaridades que ainda representam desafios e problemas para muitos educadores de Língua Portuguesa e instituições de ensino; principalmente nesse momento que a Ortografia está em evidência por conta do novo Acordo assinado entre os países onde o Português é o idioma oficial.

Palavras-chave: Ortografia, Ensino, Escrita, Acordo Ortográfico.


1 INTRODUÇÃO

 

A Ortografia pode ser considerada como um conjunto de normas que regulam a escrita, ela estipula as regras para se escrever as palavras corretamente e saber utilizá-las.
 Dessa forma, a Ortografia está intrinsecamente ligada à aprendizagem da escrita conforme o que é estabelecido pela norma culta da Língua, padronizando-a e organizando-a; assim estabelecida por uma convenção determinada por estudiosos e especialistas na Linguagem, a escrita não fica a mercê e nem se torna fortemente influenciada pela oralidade e regionalidade dos diversos tipos de falantes.
Por isso para manter a Língua viva, dinâmica, concreta seu ensino se torna primordial, daí a importância das regras e convenções a serem seguidas nos seus mais diversos campos de estudo da Linguagem (Gramática, Ortografia, dentre outros), já que possibilitam a unificação, a existência, a consistência e a continuidade do idioma.
Nesse ponto chegamos a um dos processos mais delicados na aprendizagem escolar da norma culta e muitas vezes, a única aceita nos mais diversos setores e situações da vida de um indivíduo; a escrita e o emprego correto das palavras em diversificados contextos de frases, textos, trabalhos escolares, livros, pesquisas, publicidade, jornais, revistas e até mesmo na pronúncia em determinados momentos de formalidade; abrangendo as diversas capacidades comunicativas do ser humano.
As instituições de ensino, precisamente os professores de Língua Portuguesa ficaram incumbidos deste papel complexo, ensinar a Ortografia, ou melhor, ensiná-la bem, transmiti-la da melhor e mais adequada forma possível, sem traumas para os alunos. Porém como ensiná-los dessa forma, como motivá-los e instigá-los também a buscar o conhecimento nesse sentido.
 Essa não é uma tarefa fácil, a maioria dos alunos apresenta aversão ao ensino de regras, ao que simplesmente é imposto ou tem que ser memorizado, principalmente diante do Sistema Educacional Brasileiro na atual conjuntura, o ensino muitas vezes precário das escolas públicas, sem o suporte e materiais didáticos e da ausência de muitos professores capacitados e preparados.
Diante das dificuldades dos alunos e da preocupação dos educadores com este tema, algumas considerações serão feitas sobre esta proposta, de modo a contribuir positivamente com essas discussões.

2 ORTOGRAFIA NA ESCOLA: CONCEPÇÕES DE ONTEM E DE HOJE
Num passado não muito distante imperava o método de ensino tradicionalista nas escolas brasileiras, que norteava um ensino mecanicista; esse fato tinha um grande peso no trabalho com a Gramática e a Ortografia, já que o ensino dessas áreas era baseado somente na repetição e memorização das palavras, quando muito na descrição das mesmas, isso era o suficiente - nessa concepção de ensino - para que o aluno aprendesse; porém não havia sistematização, compreensão, estudo de noções e explicações por parte dos alunos do que estavam “aprendendo”, o estudo era fragmentado e descontextualizado; dessa forma o conhecimento não era atingido de fato, já que os estudantes respondiam às atividades, mas não sabiam justificar o porquê daquela determinada resposta. As atividades propostas eram apenas cópias, muitas vezes punitivas, ou meros ditados de palavras aleatórias e fora de contexto. Como foi colocado por Silva (2006):

Muitos professores para ensinar ortografia na escola utilizam como estratégia pedagógica a descrição e a classificação de palavras isoladas. Dessa maneira, toda a ação é concentrada [...] em exercícios que primam pelo treinamento e cópia de palavras. Quando essas atividades são dadas, o professor acredita estar ensinando ortografia, mas seu efeito não vem sendo nada satisfatório. A grande maioria dos alunos apenas memoriza as instruções, formulando algumas noções ortográficas de forma passiva e mecânica, sem, no entanto compreender, de fato, o sentido das atividades propostas.

Não se pode afirmar que seja um método totalmente ineficaz, já que o professor de Ortografia de certa forma atingia o seu objetivo de ensinar ao aluno a grafia correta de algumas palavras isoladas. Constituía-se num método mais fácil, mas sem nenhuma participação ou intervenção dos alunos, onde se o mesmo incorresse no erro, certamente nele permanecesse por muito tempo, perdido entre a pronúncia e entre grafemas e fonemas dos vocábulos de mais difícil ou que causassem dúvidas de Ortografia. Isso porque se contemplava o erro, apenas corrigido com uma simples chamada de atenção por parte do professor, sem que fosse explicado ao aluno o porquê do erro e os motivos pelos quais determinados vocábulos eram grafados de determinada maneira, tão diferente da pronúncia; ou mesmo que a palavra fosse uma cópia da fala, ainda assim não eram trabalhadas as armadilhas das diferenças entre letras e fonemas, a ausência de correspondência, em determinados vocábulos entre uma coisa e outra.
Porém com tempo e as muitas mudanças na vida e na sociedade, percebeu-se que estas propostas de ensino (ou que pelo menos somente elas) estavam fadadas ao fracasso, não davam mais conta e nem traziam os resultados esperados para esse novo momento que chegava com o final do século e com os avanços tecnológicos.
Na atualidade, diante das renovadas propostas de ensino, nascidas dos novos anseios da sociedade: Construtivismo, Interacionismo e outros ismos da era Paulo Freire; o ensino da Ortografia tomou novos rumos, apesar de estar ainda associada aos métodos antigos.
Fala-se muito de práticas interativas e dinâmicas (com uso de materiais, técnicas e jogos áudios-visuais) com o uso também de dicionários e manuais como fonte de pesquisa e da autocorreção ou revisão para o ensino tanto da Gramática quanto da Ortografia. Ou seja, ensinar as classes gramaticais/sintaxe do Português ou grafia e o uso correto das palavras/a acentuação gráfica/pontuação, por exemplo, bem como as devidas explicações para os fenômenos e acontecimentos linguísticos, pode ser algo prazeroso para os estudantes e estimulá-los a ativar o seu cognitivo em busca da aprendizagem; além de participarem inteiramente do processo ensino-aprendizagem escolar, sendo sujeitos construtores do seu próprio conhecimento.
Apesar de alguns professores ainda recorrerem a técnicas tradicionais para o ensino da Ortografia, novas concepções e modelos já estão presentes no cotidiano escolar e os educadores têm consciência disso e sentem a necessidade de trabalhá-los na sala de aula, mesmo que seja numa ou outra aula.
Essas concepções demonstram que o ensino da Ortografia permite que o estudante diferencie a Linguagem Oral e suas variantes, da Linguagem Escrita padronizada que apresenta artifícios (notações léxicas ou diacríticos), ou seja, evitar que os mesmos escrevam exatamente como pronunciam os vocábulos na vida diária ou numa conversa informal- no ambiente familiar ou com o grupo de amigos. A fala não consegue abranger aspectos da escrita, presa as regras gramaticais e convenções ortográficas, que muitas vezes ultrapassam o campo de ensino ou de uso para comunicação, chegando a esferas políticas e econômicas de interesses do Estado. Porém a Linguagem Oral não deve ser deixada de lado ou suprimida, na verdade isso nem é possível; ao contrário deve ser respeitada, valorizada, bem como devem ser colocadas claramente para o aluno, as situações de uso da mesma, até porque o principal meio de comunicação humana é a fala.
Outro fato importante no ensino da Ortografia é a diferenciação das diversas competências, o educador teve ter em mente que as áreas que permeiam o Ensino da Língua Portuguesa estão hoje mais autônomas - nunca desvinculadas -, isso inclui produção textual, a famosa Redação escolar, a Literatura, a Gramática, a Ortografia e a Leitura. Um aluno pode ser competente na produção de textos, quanto à elaboração e organização dos elementos narrativos, pode estar atento à sintaxe e ter o domínio das classes gramaticais, ou ser um leitor assíduo, e não ter uma boa Ortografia ou vice – versa; respeitar dessa forma as potencialidades de cada sujeito. Conforme exposto por Borges (2007):
[...] a escola precisa ensinar e isso deve começar pela eliminação de alguns equívocos como, por exemplo, achar que o aluno que lê bastante eliminará todas as suas dificuldades ortográficas. Com certeza terá maior facilidade, visto que seu vocabulário básico torna-se mais amplo.  Outro equívoco é confundir competência textual com erros ortográficos. A competência em ortografia é algo particular dentro da competência com a língua de modo que um indivíduo pode ser muito bom produtor de textos (quanto às dimensões pragmáticas, sintáticas da composição textual), mas ter problemas com ortografia.


 Além disso, todos deveriam saber o caminho perigoso que é trabalhar a Ortografia tendo como foco principal o erro e sua mera correção apenas, mas concebê-lo como um mecanismo a mais para o professor verificar em que ponto o ensino se encontra deficiente. Como demonstra Borges (2007):

[...] é necessário para começar o ensino da ortografia, rever atitudes da escola diante do erro. Em vez de tomar os erros ortográficos de nossos alunos como índices para dar nota, devemos enxergá-los como indicadores do que precisamos ensinar.

 Todas estas novas visões, metodologias de trabalho apresentam enfim, resultados realmente positivos, possibilitando a consolidação definitiva da aprendizagem; com o uso associado das antigas técnicas (cópias, ditados, memorização, repetição) que não devem ser abandonadas, e sim ajustado às novas práticas; o problema não se constitui nos métodos em si, mas na forma como eram utilizados, em saber empregá-los na sala de aula, interligando – os de forma sistemática.

 

 

3 A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DA ORTOGRAFIA


A ortografia não é o único meio de se ensinar Linguagem Escrita, nem deve se deve ter noção de que este campo da linguagem deve ficar restrito a apontar o que está certo ou errado na grafia das palavras, não somente isso é algo que vai muito mais além. Como esclarece Morais (2000):

O que deve reger o ensino da ortografia não é a preocupação no que diz respeito a quais palavras escrever “corretamente”, mas, sim, o porquê de se escrever as palavras desta ou daquela maneira, isto é, quais normas ortográficas regem sua escrita. “A compreensão das dificuldades regulares dá segurança ao aprendiz: internalizando as regras, ele terá segurança para escrever corretamente palavras que nunca teve oportunidade de ler”.

Ela é feita por regras, normas e convenções e os professores devem empregar estratégias contínuas para o trabalho com as regras ortográficas, que na verdade devem ser memorizadas pelo aluno, já que elas norteiam, explicam o motivo das palavras serem escritas de determinada forma e não de outra. E até mesmo as que fogem as normas têm uma razão de ser, e nesses casos o domínio das convenções ortográficas deve ser útil, já que nelas mesmas estarão presentes a justificativa para as exceções, quer sejam etimológicas, históricas ou mesmo a oralidade que marcou profundamente, transformado a palavra.
A partir do momento que os alunos têm a oportunidade de vivenciar essa visão mais aprofundada da Ortografia, certamente a escrita correta venha a ser internalizada, e mesmo que isso não aconteça com todas as palavras do vocabulário dos mesmos, eles saberão argumentar e discutir como, onde e porque utilizar a escrita.
 Conscientizar-se-ão que dentro do processo de aprendizagem da escrita existem aspectos muito complexos e relevantes que os conduzirão a conhecimentos bem mais pertinentes para o uso dessa modalidade de Linguagem e ao pleno domínio da mesma, como no fenômeno da produção textual em que outras habilidades são necessárias, como as competências: cognitiva, sintática e semântica; isso é enxergar além do texto, saber estruturar uma frase, interligar uma a outra num todo coeso e coerente; perceber, sentir o contexto, a situação, quando elas fazem e transformam uma simples palavra; e para isso, saber Ortografia como escrita correta apenas, não é o suficiente.
Diante desses fatos, os estudantes passam a ter as ferramentas na mão para construir, buscar, aprimorar – sem. E como exemplo do que está sendo exposto temos as palavras homógrafas, aquelas em que a escrita é idêntica, mas a pronúncia e o sentido são diferentes. No caso do texto escrito, somente o sentido vai esclarecer a que vocábulo está se referindo, nessa exemplificação percebe-se que saber somente escrever não é o mais importante e sim, a possibilidade da interpretação, é ela quem vai demonstrar a visão de mundo do aluno, suas idéias, opiniões, ou mesmo construí-las; além disso, o foco também é na mensagem que deve ser transmitida, se esta se realiza com o sucesso; caso isso aconteça, a comunicação fica estabelecida sem prejuízos, mesmo que uma palavra ou outra não esteja grafada corretamente. Por isso leitura e escrita estão interligadas, associadas, uma depende da outra.
Vale destacar que não se está colocando que as palavras escritas de forma errônea devem ser esquecidas pelo educador, de forma alguma, estas devem ser corrigidas de forma que o educando tenha a noção da razão do erro, através de uma reflexão da palavra; pois se isso não for trabalhado ele continuará errando do mesmo jeito; o educador só não deve se prender muito nessa questão, muito menos como forma de conceituar o aluno por conta das suas dificuldades ortográficas. Conforme afirma Cagliari (2001): “[...] o professor precisa estimular seus alunos a produzirem textos sem se preocupar com os erros de ortografia, pois o controle das normas ortográficas é um desastre para ensinar alguém a escrever o que pensa”.
Além disso, os educadores devem colocar aos alunos, o que e o pra que da Ortografia, o motivo e a importância de se escrever corretamente, saber usar as palavras nas manifestações escritas, para que o ensino desse conteúdo passe a ter sentido, uma razão para que o aluno venha a estudá-lo.
Nesse ponto entra as relações sociais, a vida profissional, pessoal e até mesmo afetiva.  A extrema necessidade de saber se expressar, colocando para o estudante que isso será cobrado dele no futuro, que no presente também existe um público de leitores para as suas respectivas produções, e que ao ter domínio da Linguagem Escrita, ele certamente se comunicará melhor também oralmente, mesmo nos momentos de maior informalidade; uma das exigências mais fortes da sociedade atual.
Diante das colocações podem ser destacados objetivos para se trabalhar pedagogicamente a Ortografia na sala de aula.
Uma consideração importante, a ortografia cobre um abismo que existe entre grafemas e fonemas (letras e sons), o princípio deveria ser cada letra correspondendo a um som, mas isso não acontece; um mesmo grafema pode ser usado por diferentes fonemas ou um mesmo som ser representado graficamente de formas diferentes, sendo assim o sistema alfabético não é suficiente para contemplar todas as variações existentes, papel transferido para a Ortografia.
Baseando-se na consideração acima, pode-se afirmar que o trabalho com a Ortografia na escola possibilita que o aluno discrimine Oralidade e Escrita em sua plenitude, de forma concreta e contextualizada, estabelecendo as especificidades de cada modalidade.
Possibilita também um auxílio precioso no processo de aquisição da Leitura e é uma das bases primordiais, após a aprendizagem do alfabeto, da correspondência entre som/letra e da noção e junção de sílabas para a aquisição e estruturação da Escrita, conforme o que é aceito pela norma padrão, que organiza e unificada a escrita; sendo esses aspectos importantes e necessários.
 A Ortografia é ainda um instrumento para todas as produções e todos os tipos de manifestações escritas inventada pelo homem, e de certa forma, quando utilizada de forma adequada na escola, potencializa a composição de textos nos alunos que se sintam mais seguros em expor suas idéias sem receios extremados em relação às palavras; e até mesmo com correção ortográfica necessária que qualificaram ainda mais o seu trabalho.
E por fim, também está associada à aprendizagem da Gramática e vice-versa, e às áreas sintáticas e semânticas, como no uso dos porquês, das palavras homógrafas e homófonas, respectivamente, trazendo esclarecimentos nesse sentido.
Essas podem ser as reais contribuições do ensino da Ortografia, a essência de sua importância, o motivo pelo qual professores de Língua Portuguesa não devem deixá-la em segundo plano, como já foi feito em épocas anteriores e a razão de se explorá-la de forma dinamizada e reflexiva, para que resultados positivos realmente apareçam. Caso contrário, a insatisfação de alunos e professores perdurará e avanços na aprendizagem da Língua Portuguesa podem não acontecer.

 

 

4 O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA COM O FOCO NO ENSINO


A Ortografia está em evidência neste começo do ano de 2009, as discussões estão de fato acaloradas sobre o tema, pois o momento é pertinente, já que o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa do ano de 1990 finalmente foi aprovado pelos parlamentos e assinado por todos os países que falam Português no ano passado; começando a vigorar neste ano e devendo ser o único utilizado definitivamente a partir de 2012 - apenas um tempo para que as pessoas se adaptem -, por enquanto as duas formas são aceitas, porém as mudanças já estão sendo e estudadas nas escolas e impressas nos livros e meios de comunicação.
O objetivo deste Acordo Ortográfico é unificar a escrita nos países lusofônos, principalmente Portugal e Brasil, que serviram de base às novas regras, e de certa forma possibilitar o crescimento e fortalecimento das relações exteriores - políticas, econômicas, mercantis e culturais entre os países contemplados pelo Acordo e destes, com as demais nações do mundo. Como já acontece nos países que falam o espanhol, variações na pronúncia e uma Ortografia unificada.
As mudanças advindas com Acordo alteraram a escrita de menos de um por cento das palavras do Português brasileiro, e essas alterações modificam a Ortografia apenas, não a pronúncia.
Antes das mudanças ortográficas alguns educadores já enfrentavam dificuldades para ensinar a Ortografia na escola, vários trabalhos acadêmicos, estudos e pesquisas abrangem este assunto que se tornou um desafio para as instituições de ensino públicas e privadas e seus professores, cada vez mais cobrados com relação a bons resultados neste tema. Agora com o novo Acordo assinado de tal importância aos interesses do Estado, estas cobranças serão ainda maiores, um ponto positivo para chamar a atenção dos envolvidos com a educação básica brasileira para o assunto, valorizando - o. A superexposição do tema por parte da mídia gera curiosidade e as novas regras devem ser internalizadas pelos educandos num trabalho ainda mais contínuo.
Na maioria dos casos o método do treino ortográfico ainda é a forma mais utilizada para trabalhar a Ortografia, com exercícios e atividades de cópia no caderno, no livro didático e nas apostilas, isso ainda não foi superado tanto na escola pública como na particular. Em detrimento disso, modelos mais eficazes também já estão presentes nas práticas pedagógicas de alguns professores e que aos poucos ganham destaque.
Com o novo acordo a responsabilidade da escola é ainda maior, visto que crianças e adolescentes dificilmente encontrarão suporte para o progresso, consolidação e uso adequado da escrita segundo as novas regras fora do ambiente escolar; como no social e familiar, principalmente se esta tiver baixo nível cultural. Pode-se afirmar que se uma nova ortografia entra em vigor, por motivos que ultrapassam o ato de escrever, este é o momento de se empregar as novas metodologias.
Assim, a introdução das novas regras deve ser feita logo nas séries iniciais (Ensino Fundamental I), após o processo de alfabetização, nesse estágio as mudanças não terão impactos, já que as crianças darão seus primeiros passos na aprendizagem da Ortografia seguindo essas novas regras, preferencialmente trabalhadas de maneira lúdica; com uso de gravuras, cores, imagens, desenhos e sons associados às palavras; contação, leitura de histórias e o emprego dos vocábulos nos textos, para que os mesmos não fiquem isolados e para despertar a curiosidade dos alunos; através de jogos, brincadeiras e dinâmicas para tornar o ato de ensinar e aprender mais prazeroso, prendendo atenção das crianças; associar também este estudo à vida prática, trazendo os conteúdos para a realidade do aluno. E depois da realização de cada uma dessas atividades, solicitar que façam os exercícios de treino ortográfico, ditado oral e escrito, cópias do que foi explorado a partir do audiovisual.
No Ensino Fundamental II, onde os alunos se encontram num estágio mais avançado, uma boa proposta é realizar um contraponto das formas antigas com o que e porque foi alterado; num processo de revisão do que já foi estudado, de comparação através da exemplificação e finalmente de adaptação, compreensão aprofundada e memorização da nova escrita, até que a anterior seja totalmente abolida e há tempo para isso. Contemplando também a associação das práticas tradicionais com as atuais, com métodos ajustados para esta faixa etária.
Contudo as maiores dificuldades estarão mesmo no Ensino Médio visto que, os conteúdos já foram apreendidos pelo aluno terão de serem revistos; explicar às origens, o histórico, as motivações e as implicações do Acordo pode ser um começo; um contraponto entre o antes e o depois também; mas provavelmente apenas a memorização dessas regras e das palavras alteradas pode vir a dar uma resposta, mesmo porque essa é atitude mais comum de professores e alunos do Ensino Médio, decorar fórmulas, regras, procedimentos, definições e noções para o vestibular.   

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir de tudo que foi discutido anteriormente, foi possível comprovar a insuficiência do ensino da Ortografia, a falta de importância dedicada ao tema e a defasagem na aprendizagem dos alunos, com métodos ineficazes de trabalho pedagógico que perduraram por muitos anos nas escolas brasileiras.
No entanto esse quadro vem sendo alterado constantemente, com a tomada de consciência das instituições de ensino, educadores e dos estudantes da necessidade de uma formação que vá muito mais além do que meras descrições, repetições e memorizações, sem as reflexões, as razões, a análise e o aprofundamento dessas questões para que de fato o aluno internalize os conhecimentos.
O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa levantou ainda que inconscientemente estas discussões, e não cabe aqui entrar no mérito de quem, como, por quais necessidades ou motivos o Acordo tenha sido criado, quais os critérios estabelecidos e as deficiências ou acertos do mesmo. O fato é o que ele já vigora e precisar ser explorado na sala de aula.
Comprovamos que a consolidação da aprendizagem escrita precisa da Ortografia, que está não deve ser colocada em segundo plano nas aulas de Língua Portuguesa; mas que isso também não é o mais importante para avaliar o aluno.
Enfim, antigos conceitos estão sendo superados e novas concepções estão ganhando espaço na escola, com isso espera-se que o ensino da Ortografia na Educação Básica brasileira deixe de se constituir num problema ou dilema para os professores, e num assunto pouco atrativo para os estudantes, passando a ser visto como um mecanismo a favor do processo de ensino-aprendizagem com resultados positivos para ambas as partes.

 

6 REFERÊNCIAS


BORGES, Thaysa Silva da Luz. Ortografia nas Séries Iniciais: Memorização e Reflexão. Rio Grande do Sul, 2007. Disponível em: <http:/forum.ulbratorres.com.br>. Acesso em: 08 abril.2009. 

CAGLIARI, Luís Carlos. Alfabetização & Lingüística. 10. ed. São Paulo: Scipione, 2001.

MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: Ensinar e Aprender. São Paulo: Ática, 2000.

SILVA, José Ricardo Carvalho da. Chegando Mais Perto das Regras Ortográficas. Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: <http://www.estacio.br>. Acesso em: 15 abril.2009. 






















































[1]  Proposta para o artigo científico apresentado como forma de avaliação parcial da disciplina de Ortografia e o Ensino do Português, do curso de pós-graduação de Língua Portuguesa e Literatura, professor: Vicente Martins.
[2]  Aluna do Curso de Pós-Graduação em Língua Portuguesa e Literatura da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA.

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