domingo, 10 de novembro de 2013

PRIMEIROS ANOS DA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM





 

Pedro Henrique Vasconcelos da Ponte
Raquel Pires Lopes
Paulo Igor


Resumo
Nos primeiros anos de vida, todos passamos por um processo de aquisição da nossa língua mãe; para alguns é mais difícil e mais demorado, enquanto para outros é bem rápido e simples. Essas variações dependem de muitos aspectos. Estes aspectos serão discutidos no decorrer dos textos e com o aprofundamento no assunto.
É exatamente isto a que o presente texto se propõe, discutir sobre a aquisição da linguagem, como acontece, como evolui e com se concretiza (se é que se concretiza).
Palavras-chave: Primeiros Anos de Vida, Aquisição da Língua, Variações de Níveis
Abstract
In the first years of life, all of us went by a process of our language mother's acquisition; for some people it is more difficult and slower, while for others it is very fast and simple; those variations depend on many aspects. These aspects will be discussed in elapsing of the texts and for deepening the knowledge on the subject.
It is exactly what the present text intends, to discuss about the acquisition of the language, as it happens, as it develops and as it is rendered (if it is that is rendered).
Key words: First Years of Life, Acquisition of the Language, Variations of Levels









O longo processo aquisitivo
Não se pode dizer, ao certo, quando a criança começa a falar, isso porque é difícil saber se se pode considerar “au-au” uma palavra, pois ela, como sabemos, é uma onomatopéia; no começo do processo aquisitivo é possível perceber que as crianças tendem a generalizar, no caso da palavra citada, ela a usaria para referir-se a um gato ou a um porco ou a um animal que ela vir pela primeira vez e não souber seu “imitar o som”, há também o fato de que não é necessariamente este som que o cachorro emite.
Às vezes, mesmo as pessoas que conheçam ou convivam com uma criança não conseguem identificar quando ela começa a dizer suas primeiras palavras, pois estas são confusas e algumas vezes incompreensíveis. As primeiras palavras das crianças são, em sua maioria, substantivos e estes são palavras que expressam as necessidades e vontades da criança, pois a linguagem é o meio que as crianças encontram para satisfazer, de forma mais rápida, o que querem.
Segundo Paule Aimard:
 “Não podemos prever qual será ela (a primeira palavra da criança). Forçosamente será uma palavra simples, concreta, referindo-se à vida cotidiana da criança.” (AIMARD, Paule. O surgimento da criança na criança, página 63. Porto Alegre: Artmed, 1998.).
A criança começa a emitir os primeiros sons a partir das relações com as pessoas ao seu redor (geralmente a mãe é a pessoa mais próxima). A princípio a criança começa a emitir sons como se estivesse testando seus órgãos, e estes sons, aparentemente sem sentido algum, são o balbucio. Este é o primeiro estágio na produção vocal da criança. Com a interação com outros adultos e crianças a criança começa a adquirir mais fonemas e evoluindo o balbucio, que no início é inarticulado, no qual são produzidos sons vocálicos, para balbucio articulado, no qual os primeiros sons consonantais são produzidos e para os estágios seguintes.
A evolução nos estágios lingüísticos varia de criança para criança, pois nem há muitos fatores que influenciam esta evolução. Não existe um tempo para os sons e outros para as palavras, tudo evolui ao mesmo tempo.
O começo
Nos primeiros anos a linguagem é, principalmente, pré-verbal. Isso porque a criança ainda não sabe falar, e só vai aprender muito depois de adquirir uma linguagem, pois aprendizagem e aquisição são processos totalmente diferentes.
Na aprendizagem a criança vai aprender uma coisa que antes não tinha conhecimento, já no processo aquisitivo, a criança começa a adquirir a capacidade de produzir fonemas que mais tarde o ajudarão na comunicação com os falantes de mesma língua.
Neste período, a autoimitação torna-se uma coisa agradável, é como se fosse um jogo de palavras que a criança tivesse prazer em jogar. Depois vem a heteroimitação, que é a imitação das pessoas que estão ao seu redor; é a partir daqui que ela adquirirá muitos dos fonemas comuns a todas as pessoas; é nesse período, também, que a criança, se interagir com diferentes idiomas, terá facilidade para aprender esse idioma sem que no futuro ela apresente sotaque.
No final do primeiro ano, a criança já estará produzindo o balbucio inarticulado, e, como seus primeiros sons vocais são sons que equivalem à letra a, ela começará a formar palavras como “bababa”, “papapa”, pois aprendeu, também, os sons consonantais mais fáceis.
Que difícil conjugar!
Como já foi dito, as primeiras palavras da criança são confusas, de difícil compreensão e em sua maioria substantivos. Isso porque a maioria dos enunciados das crianças referem-se à situações no presentes.
Antes dos três anos, as formas dos verbos são imprecisas. As crianças utilizam simplificações e exemplos de determinados verbos para conjugar outros, é isso que leva a muitas situações engraçadas. Uma criança ouve que o certo é: eu bebi, então ela utilizará esta terminação para todos os outros verbos e pode acontecer de ela dizer eu fazi. Além disso, as crianças que estão no estágio de enunciado de uma palavra utilizam uma palavra, que, às vezes nem verbo é, para expressarem uma ação, com dizer mimi, para significar que alguém está dormindo ou que a criança quer dormir; binquedo para indicar que ela está brincando ou que ela quer brincar, por exemplo.
A partir dos três anos as terminações verbais ainda são muito imprecisas, pois a criança ainda não consegue entender o porquê ela tem que falar daquele jeito.
 “Por volta dos três anos e mais tarde, as terminações verbais muitas vezes não aparecem ou são imprecisas. As noções que elas exprimem ainda são muito vagas para a criança.” (AIMARD, Paule. O surgimento da criança na criança, página 84. Porto Alegre: Artmed, 1998.).
As crianças são exigentes quanto à questão de acerto; os erros as desestimulam e as deixam bravas, mas desde que elas começam a utilizar formas mais complexas, como é o caso dos verbos, elas são consciente dos riscos de erro que estas palavras oferecem.
Para facilitar a compreensão, as crianças se apossam dos advérbios. Os advérbios também surgem pela necessidade da criança de indicar posse, desejos, entre outras necessidades urgentes.
Pesquisa de campo
Aplicando tudo o que foi dito à realidade, foi feita uma pesquisa de campo, na qual dez mães foram entrevistadas para dizerem quais foram as cinqüenta primeiras palavras ditas pelo seu filho, e um aspecto comum à maioria das pesquisas foi que o meio interferia, positiva ou negativamente, na linguagem da criança.
A seguir analisaremos uma das crianças que foram pesquisadas por uma das equipes.


Nome da criança: Helane Mara
Palavra
Significação
bebeta
Bicicleta
boleta
Borboleta
ado
Rádio
lenchou
Lençol
pianha
Piranha
memédio
Remédio
pefumi
Perfume

Helane é uma criança que não tem muito convívio com seus pais, pois a mãe trabalha e quando chega em casa vai cuidar dos afazeres domésticos e o pai também trabalha e quando está em casa está descansando do trabalho. Notou-se que Helane é uma criança que fala baixo e que é envergonhada. Ela tem um ano e onze meses e já entrou no enunciado de uma palavra; ela também já começou a falar verbos, mas de forma simplificada, por exemplo, ela conjuga o verbo saber na primeira pessoa do singular como: eu sabo. Ainda não freqüenta a escola e não sai muito com os pais pela falta de tempo; os avós dela moram longe, ou seja, o único lugar que ela tem para ficar é em casa com a “babá”; falta-lhe a interação com outros adultos e outras crianças para que ela passe por uma boa fase de aquisição da linguagem. Se bem que ela ainda está nas primeiras palavras e não dá para saber se o nível de fala dela está adequado, já que cada criança tem uma evolução diferente.
Outro exemplo de meio determinando a linguagem e da criança encaixando-se em todas as situações citadas acima é a seguinte:
Nome da criança: Ana Alice
Palavra
Significação
pota
Porta
livo
Livro
fada
Farda
chevelante
Refrigerante
osa
Rosa
xica
Xícara
odo
Rodo

Ana Alice é uma criança alegre e falante, ela tem três anos e já fala com certa fluência. O fato de ter uma família grande a ajudou a falar como forma de interagir com todos. Ela tem um irmão alguns anos mais velho que gosta de perturbá-la, isso fez com que ela introduzisse em seu vocabulário as palavras que indicam posse. Seus pais trabalham, mas sua mãe fica bastante em casa por ser autônoma, além disso, ela já freqüenta a escola e tem oportunidades de sair para casa de seus avós que moram perto.
A mesma equipe realizou a pesquisa com uma criança que é filha de um ex-presidiário e foi possível notar que a criança apresentava vocabulário muito pobre de palavras e um linguajar muito chulo.
Outras das crianças era um menino de classe social mais alta e ele, apesar de ter três anos ainda falava algumas palavras como sendo onomatopéias. Por exemplo, ele chamava índio de uuu, isso provavelmente é reflexo de uma criança que passa o dia assistindo televisão ou jogando video game. Também tem-se que levar em conta o fato de nem todas as crianças evoluírem a fala com a mesma facilidade e ao mesmo tempo.
O processo aquisitivo é longo e exige uma atenção especial por parte dos pais, pois é interagindo com ele que a criança vai perceber os sons de sua língua mãe; não é, necessariamente, palavras que a criança vai adquirir, e, sim, os sons que são precisos para pronunciá-los; algumas deficiências de pronúncia podem persistir até a idade adulta, por isso, nós, professores, devemos ter um pouco mais de atenção com aquelas crianças que mostram uma evolução mais lenta na linguagem.
Bibliografia
AIMARD, Paule. O surgimento da linguagem na criança. Porto Alegre: Artmed, 1998.
LAKATOS, Eva Maria, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas 2001.



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