Pedro Henrique
Vasconcelos da Ponte
Raquel Pires
Lopes
Paulo Igor
Resumo
Nos primeiros anos de vida, todos passamos por um
processo de aquisição da nossa língua mãe; para alguns é mais difícil e mais
demorado, enquanto para outros é bem rápido e simples. Essas variações dependem
de muitos aspectos. Estes aspectos serão discutidos no decorrer dos textos e
com o aprofundamento no assunto.
É exatamente isto a que o presente texto se propõe,
discutir sobre a aquisição da linguagem, como acontece, como evolui e com se
concretiza (se é que se concretiza).
Palavras-chave:
Primeiros Anos de Vida, Aquisição da Língua,
Variações de Níveis
Abstract
In the
first years of life, all of us went by a process of our language mother's
acquisition; for some people it is more difficult and slower, while for others
it is very fast and simple; those variations depend on many aspects. These
aspects will be discussed in elapsing of the texts and for deepening the
knowledge on the subject.
It is
exactly what the present text intends, to discuss about the acquisition of the
language, as it happens, as it develops and as it is rendered (if it is that is
rendered).
Key words: First Years of Life,
Acquisition of the Language, Variations of Levels
O
longo processo aquisitivo
Não se pode dizer, ao certo, quando a criança começa
a falar, isso porque é difícil saber se se pode considerar “au-au” uma palavra,
pois ela, como sabemos, é uma onomatopéia; no começo do processo aquisitivo é
possível perceber que as crianças tendem a generalizar, no caso da palavra
citada, ela a usaria para referir-se a um gato ou a um porco ou a um animal que
ela vir pela primeira vez e não souber seu “imitar o som”, há também o fato de
que não é necessariamente este som que o cachorro emite.
Às vezes, mesmo as pessoas que conheçam ou convivam
com uma criança não conseguem identificar quando ela começa a dizer suas
primeiras palavras, pois estas são confusas e algumas vezes incompreensíveis.
As primeiras palavras das crianças são, em sua maioria, substantivos e estes
são palavras que expressam as necessidades e vontades da criança, pois a
linguagem é o meio que as crianças encontram para satisfazer, de forma mais
rápida, o que querem.
Segundo Paule
Aimard:
“Não podemos
prever qual será ela (a primeira palavra da criança). Forçosamente será uma
palavra simples, concreta, referindo-se à vida cotidiana da criança.” (AIMARD,
Paule. O surgimento da criança na criança, página 63. Porto Alegre: Artmed,
1998.).
A criança começa a emitir os primeiros sons a
partir das relações com as pessoas ao seu redor (geralmente a mãe é a pessoa
mais próxima). A princípio a criança começa a emitir sons como se estivesse
testando seus órgãos, e estes sons, aparentemente sem sentido algum, são o
balbucio. Este é o primeiro estágio na produção vocal da criança. Com a
interação com outros adultos e crianças a criança começa a adquirir mais
fonemas e evoluindo o balbucio, que no início é inarticulado, no qual são
produzidos sons vocálicos, para balbucio articulado, no qual os primeiros sons
consonantais são produzidos e para os estágios seguintes.
A evolução nos estágios lingüísticos varia de
criança para criança, pois nem há muitos fatores que influenciam esta evolução.
Não existe um tempo para os sons e outros para as palavras, tudo evolui ao
mesmo tempo.
O
começo
Nos primeiros anos a linguagem é, principalmente,
pré-verbal. Isso porque a criança ainda não sabe falar, e só vai aprender muito
depois de adquirir uma linguagem, pois aprendizagem e aquisição são processos
totalmente diferentes.
Na aprendizagem a criança vai aprender uma coisa
que antes não tinha conhecimento, já no processo aquisitivo, a criança começa a
adquirir a capacidade de produzir fonemas que mais tarde o ajudarão na
comunicação com os falantes de mesma língua.
Neste período, a autoimitação torna-se uma coisa
agradável, é como se fosse um jogo de palavras que a criança tivesse prazer em
jogar. Depois vem a heteroimitação, que é a imitação das pessoas que estão ao
seu redor; é a partir daqui que ela adquirirá muitos dos fonemas comuns a todas
as pessoas; é nesse período, também, que a criança, se interagir com diferentes
idiomas, terá facilidade para aprender esse idioma sem que no futuro ela
apresente sotaque.
No final do primeiro ano, a criança já estará
produzindo o balbucio inarticulado, e, como seus primeiros sons vocais são sons
que equivalem à letra a, ela
começará a formar palavras como “bababa”, “papapa”, pois aprendeu, também, os
sons consonantais mais fáceis.
Que
difícil conjugar!
Como já foi dito, as primeiras palavras da criança
são confusas, de difícil compreensão e em sua maioria substantivos. Isso porque
a maioria dos enunciados das crianças referem-se à situações no presentes.
Antes dos três anos, as formas dos verbos são
imprecisas. As crianças utilizam simplificações e exemplos de determinados verbos
para conjugar outros, é isso que leva a muitas situações engraçadas. Uma
criança ouve que o certo é: eu bebi, então
ela utilizará esta terminação para todos os outros verbos e pode acontecer de
ela dizer eu fazi. Além disso, as
crianças que estão no estágio de enunciado
de uma palavra utilizam uma palavra, que, às vezes nem verbo é, para
expressarem uma ação, com dizer mimi, para significar que alguém está dormindo
ou que a criança quer dormir; binquedo para indicar que ela está brincando ou
que ela quer brincar, por exemplo.
A partir dos três anos as terminações verbais ainda
são muito imprecisas, pois a criança ainda não consegue entender o porquê ela
tem que falar daquele jeito.
“Por volta
dos três anos e mais tarde, as terminações verbais muitas vezes não aparecem ou
são imprecisas. As noções que elas exprimem ainda são muito vagas para a
criança.” (AIMARD, Paule. O surgimento da criança na criança, página 84. Porto
Alegre: Artmed, 1998.).
As crianças são exigentes quanto à questão de
acerto; os erros as desestimulam e as deixam bravas, mas desde que elas começam
a utilizar formas mais complexas, como é o caso dos verbos, elas são consciente
dos riscos de erro que estas palavras oferecem.
Para facilitar a compreensão, as crianças se
apossam dos advérbios. Os advérbios também surgem pela necessidade da criança
de indicar posse, desejos, entre outras necessidades urgentes.
Pesquisa
de campo
Aplicando tudo o que foi dito à realidade, foi
feita uma pesquisa de campo, na qual dez mães foram entrevistadas para dizerem
quais foram as cinqüenta primeiras palavras ditas pelo seu filho, e um aspecto
comum à maioria das pesquisas foi que o meio interferia, positiva ou
negativamente, na linguagem da criança.
A seguir analisaremos uma das crianças que foram
pesquisadas por uma das equipes.
Nome da criança: Helane Mara
Palavra
|
Significação
|
bebeta
|
Bicicleta
|
boleta
|
Borboleta
|
ado
|
Rádio
|
lenchou
|
Lençol
|
pianha
|
Piranha
|
memédio
|
Remédio
|
pefumi
|
Perfume
|
Helane é uma criança que não tem muito convívio com
seus pais, pois a mãe trabalha e quando chega em casa vai cuidar dos afazeres
domésticos e o pai também trabalha e quando está em casa está descansando do
trabalho. Notou-se que Helane é uma criança que fala baixo e que é
envergonhada. Ela tem um ano e onze meses e já entrou no enunciado de uma
palavra; ela também já começou a falar verbos, mas de forma simplificada, por
exemplo, ela conjuga o verbo saber na
primeira pessoa do singular como: eu
sabo. Ainda não freqüenta a escola e não sai muito com os pais pela falta
de tempo; os avós dela moram longe, ou seja, o único lugar que ela tem para
ficar é em casa com a “babá”; falta-lhe a interação com outros adultos e outras
crianças para que ela passe por uma boa fase de aquisição da linguagem. Se bem
que ela ainda está nas primeiras palavras e não dá para saber se o nível de
fala dela está adequado, já que cada criança tem uma evolução diferente.
Outro exemplo de meio determinando a linguagem e da
criança encaixando-se em todas as situações citadas acima é a seguinte:
Nome da criança: Ana Alice
Palavra
|
Significação
|
pota
|
Porta
|
livo
|
Livro
|
fada
|
Farda
|
chevelante
|
Refrigerante
|
osa
|
Rosa
|
xica
|
Xícara
|
odo
|
Rodo
|
Ana Alice é uma criança alegre e falante, ela tem
três anos e já fala com certa fluência. O fato de ter uma família grande a
ajudou a falar como forma de interagir com todos. Ela tem um irmão alguns anos
mais velho que gosta de perturbá-la, isso fez com que ela introduzisse em seu
vocabulário as palavras que indicam posse. Seus pais trabalham, mas sua mãe
fica bastante em casa por ser autônoma, além disso, ela já freqüenta a escola e
tem oportunidades de sair para casa de seus avós que moram perto.
A mesma equipe realizou a pesquisa com uma criança
que é filha de um ex-presidiário e foi possível notar que a criança apresentava
vocabulário muito pobre de palavras e um linguajar muito chulo.
Outras das crianças era um menino de classe social
mais alta e ele, apesar de ter três anos ainda falava algumas palavras como
sendo onomatopéias. Por exemplo, ele chamava índio de uuu, isso provavelmente é
reflexo de uma criança que passa o dia assistindo televisão ou jogando video
game. Também tem-se que levar em conta o fato de nem todas as crianças
evoluírem a fala com a mesma facilidade e ao mesmo tempo.
O processo aquisitivo é longo e exige uma atenção
especial por parte dos pais, pois é interagindo com ele que a criança vai
perceber os sons de sua língua mãe; não é, necessariamente, palavras que a
criança vai adquirir, e, sim, os sons que são precisos para pronunciá-los;
algumas deficiências de pronúncia podem persistir até a idade adulta, por isso,
nós, professores, devemos ter um pouco mais de atenção com aquelas crianças que
mostram uma evolução mais lenta na linguagem.
Bibliografia
AIMARD, Paule. O surgimento da linguagem na
criança. Porto Alegre: Artmed, 1998.
LAKATOS, Eva Maria, Marina de Andrade. Metodologia
do trabalho científico. São Paulo: Atlas 2001.
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